Folha de S. Paulo


PT faz ofensiva para colar mensalão tucano em Aécio

A campanha eleitoral começa oficialmente em julho, mas PT e PSDB já iniciaram a ofensiva que deve dar um dos tons da corrida ao Planalto.

Em resposta à articulação do PSDB para evitar que o mensalão tucano respingue em Aécio Neves (MG), o PT intensificou a mobilização para sublinhar o suposto vínculo de investigados e episódios do caso com o candidato.

A ofensiva petista ficou ainda mais visível após a renúncia do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), apontado pela Procuradoria-Geral da República como beneficiário do esquema. A missão tem ficado a cargo de um exército na internet e da infantaria do PT no Congresso. "Mais que tucano, Aécio é mineiro, e como mineiro suas relações com o caso vão ser esmiuçadas", diz o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR).

A oposição ao tucano em Minas desembarcou no final do mês passado na capital federal munida de documentos e pedidos de investigação. "O mensalão está na testa do Aécio, só não vê quem não quer", diz o deputado estadual Rogério Correa (PT-MG).

Aécio não é investigado pelo mensalão e, embora seja tucano e de Minas, seu grupo não era, com exceções, o mesmo de Azeredo. Mas petistas apontam que a renúncia deste teve o objetivo de tirar o caso do foco e poupar Aécio.

Editoria de Arte/Folhapress

MUNIÇÃO DO PT

Entre os casos lembrados pelo PT está a lista em que Aécio aparece como beneficiário de R$ 110 mil do esquema que teria abastecido a campanha de Azeredo em 1998. O documento, que cita vários políticos, é atribuído ao então tesoureiro da campanha tucana, Cláudio Mourão, que nega tê-lo confeccionado. O lobista Nilton Monteiro, que trouxe o papel a público, é acusado de falsificação de documentos (em outro episódio) e está preso.

Por outro lado, a Polícia Federal e a Procuradoria reconhecem a autenticidade da assinatura do ex-tesoureiro e dizem não haver indícios de montagem. Não há, contudo, nenhuma referência ao nome de Aécio nos relatórios.

A assessoria do senador afirma que ele não recebeu esses recursos e que a própria PF chega a colocar em dúvida a veracidade das informações contidas no documento. Outro ponto são os contratos do governo Aécio com agências de Marcos Valério. Na gestão Aécio, duas empresas de Valério assinaram, após concorrência, contratos de publicidade. Em 2004 e 2005, a SMP&B e a DNA receberam R$ 27,2 milhões – 20% dos contratos publicitários.

Eles só foram rompidos após a eclosão do mensalão do PT, em 2005. Tanto Aécio quanto o governo dizem que os contratos foram aprovados pelo Tribunal de Contas. A vinculação a Valério inclui outros episódios. Em 2002, quando eleito governador, Aécio recebeu doação de R$ 4.000 da SMP&B. Segundo a assessoria do tucano, o valor refere-se a jantar que reuniu mais de 1.500 pessoas.

No mês passado, a Folha revelou que um dos réus no mensalão tucano, Eduardo Guedes, atuava como conselheiro de Aécio. A assessoria do senador disse que não há condenação contra Guedes.

MENSALÃO PETISTA

O STF pode terminar nesta semana de analisar os recursos dos condenados no mensalão petista. Entre eles, está João Paulo Cunha, que cumpre pena no regime semiaberto. Após terminar o mensalão petista, o STF deverá julgar o mensalão tucano.


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