Folha de S. Paulo


Nenhum partido da base pode ter duas caras, diz líder do PT

O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), reforçou a troca de ataques entre petistas e peemedebistas e acusou nesta quinta-feira (6) o PMDB de ser o partido que "mais está na situação de oposição". O petista cobrou lealdade dos aliados afirmando que "nenhum partido da base do governo pode ter duas caras".

Segundo Vicentinho, o PMDB precisa explicar se realmente pensa em romper a aliança com o PT tirando o vice-presidente, Michel Temer, "ícone" do partido no governo.

"O PMDB é o partido que está mais na situação de oposição", afirmou o petista. "É isso que não pode. Ou você é situação ou oposição. Não pode ser os dois. Nenhum partido da base do governo pode ter duas caras", disparou.

O líder reconheceu que falta mais diálogo entre o Planalto com sua base no Congresso, mas disse que é possível restabelecer a relação. Para ele, as divergências precisam ser tratadas pelas cúpulas da sigla. Ele comprometimento do PMDB, que é "governo assim como o PT".

O clima entre as lideranças do PMDB e PT esquentou no fim de semana após informações de que o presidente do PT Nacional, Rui Falcão, atribuiu a ameaça de peemedebistas em apoiar o senador Aécio Neves (PSDB) aos pedidos de cargo pelos peemedebistas ao governo federal.

Em resposta, Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, defendeu que o partido antecipe sua convenção e não apoie a reeleição da presidente. Segundo o líder do PMDB na Câmara, a sigla "não é respeitada pelo PT".

Falcão teria dito que não aceita ultimatos de partidos aliados. No twitter, Cunha afirmou hoje que o presidente do PT quer se fazer de vítima. "Engraçado, sou agredido pelo Rui Falcão, respondo, aí ele vem e diz que não aceita ultimato? Quem está dando ultimato? Ele quer se fazer de vítima", afirmou.

Cunha disse ainda que os problemas nas alianças estaduais com o PT não estão restritos ao Rio de Janeiro.

Segundo o líder do PMDB, a composição dos palanques regionais é muito mais complexa. "Ledo engano, acharem que essa discussão da aliança está restrita aos problemas do Rio. A coisa é muito mais complexa", afirmou o líder, sem dar detalhes.

Os principais focos de tensão estão nas montagens das candidaturas estaduais, especialmente no Rio e Ceará, mas há reclamações na Bahia, Maranhão, Paraná e outros redutos eleitorais.

TRABALHO

Em relação ao pedido da Polícia Federal em Santa Catarina para abertura de investigação no STF (Supremo Tribunal Federal) de investigação do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), o líder do PT foi cauteloso. Segundo Vicentinho, não pode haver precipitação. Ele disse que a presidente avalia o caso.

"A presidente que se caracterizou e nunca vacilou na hora de tomar decisão, está medindo, está analisando. Não se pode prevaricar na hora da decisão e nem decidir açodadamente", completou.

A solicitação foi feita depois que a PF encontrou indícios da participação do ministro em um suposto esquema para empregar militantes do PDT como funcionários fantasmas de uma entidade que firmou convênios com o ministério. Hoje, o PPS pediu que a Comissão de Ética da Presidência investigue o ministro.


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