Folha de S. Paulo


Em resposta a Dilma, FHC diz não ser 'pessimista' e que país precisa mudar

A exemplo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) que fez críticas ao PT, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira (25) que o país precisa de "mudanças" para retirar os "encastelados do poder" com a chegada do "novo".

"O Brasil está precisando de ar novo, sangue novo", afirmou FHC, durante cerimônia no Congresso para comemorar os 20 anos do Plano Real. "Os que hoje mandam ao invés de se cerrarem em seus escritórios de que tecnocraticamente resolvem as coisas, é hora de abrirem seu coração", completou.

Num recado à presidente Dilma, que acusou recentemente os "pessimistas" de não acreditarem no Brasil, Fernando Henrique disse que não é "pessimista" e que o país precisa de mudança. Também afirmou que é preciso se dizer as coisas "sem agressividade, mas com clareza".

O ex-presidente disse não ser "ingênuo" de que tudo foi feito no passado ao afirmar que os governos petistas também produziram benefícios ao país –mas é o momento de o Brasil tomar "novos rumos".

"Muita coisa foi feita, o Brasil avançou, é hoje melhor do que quando eu deixei. Como quando eu deixei era melhor que o anterior. Mas há momentos em que é preciso tomar novos rumos. Estamos chegando a um desses momentos."

Em mais recados ao PT, FHC disse que as mudanças no país não devem ser feitas se "cuspindo no presente e no futuro". E que os governantes precisam entender que a lei deve ser "igual para todos", numa menção velada a setores do PT contrários ao julgamento do mensalão.

O tucano também criticou o modelo político do governo federal que classificou de "fragmentação partidária". "É a receita para a paralisação da administração. Não dá mais. Esse não dá mais não deve ser visto com a imposição da vontade de uma facção sobre os outros, tem que ser visto como um entendimento nacional para se enfrentar essa condição com clareza."

Ao rebater críticas de que seu governo privatizou o sistema de telefonia do país –uma das bandeiras do PT contra o ex-presidente –FHC disse que Lula e Dilma adotaram modelos semelhantes. "O que eu fiz pela telefonia, não foi concessão? Por que ter medo de dizer as coisas? Estamos atrasados e perdemos o momento da bonança, da fatura de capitais em que os olhos estavam voltados para o Brasil."

Aécio convocou sessão solene do Congresso para comemorar os 20 anos do Plano Real, instituído em 1994. Líderes e economistas ligados ao PSDB participaram da cerimônia, como o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco.

Editoria de Arte/Folhapress

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