Folha de S. Paulo


Procuradoria denuncia seis agentes da ditadura por atentado do Riocentro

O Ministério Público Federal denunciou nesta segunda-feira (17) seis agentes da ditadura militar por suspeita de participação no atentado do Riocentro, em 1981. Esta é a terceira investigação do caso. Em 33 anos, ninguém foi preso ou condenado.

Os procuradores dizem ter localizado novas provas que justificariam a abertura de ação penal. Eles sustentam que os crimes não devem ser considerados prescritos porque ocorreram num contexto de lesa-humanidade.

O atentado foi tramado pela chamada linha dura para causar pânico em um show que reuniu cerca de 20 mil pessoas na zona oeste do Rio. O plano deu errado, e uma bomba explodiu no colo do sargento Guilherme do Rosário, que morreu no local.

A intenção dos envolvidos era culpar grupos de esquerda pelo tumulto e pressionar o regime a abortar o processo de abertura política.

Os generais reformados Nilton Cerqueira e Newton Cruz, o coronel reformado Wilson Machado e o ex-delegado Cláudio Guerra foram denunciados por suspeita de tentativa de homicídio, associação criminosa armada e transporte de explosivo.

O Ministério Público pede que eles sejam condenados a penas de ao menos 36 anos de prisão, com perda de aposentadorias e condecorações.

De acordo com os procuradores, Newton Cruz, então chefe da agência central do SNI (Serviço Nacional de Informações), admitiu em novo depoimento que soube previamente do atentado.

"Ele tinha o dever de intervir, mas não fez nada. Ao se omitir, contribuiu para a explosão das bombas", disse o procurador Antonio Cabral.

Além dos quatro, foram denunciados o general reformado Edson de Sá Rocha, por suspeita de associação criminosa armada, e o major reformado Divany Carvalho Barros, por fraude processual.

O Ministério Público afirma que outros nove suspeitos de envolvimento no atentado já morreram. Os seis denunciados não foram localizados. Caso a denúncia seja aceita, eles terão direito a apresentar defesa à Justiça Federal.


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