Folha de S. Paulo


Justiça proíbe que Prefeitura de São Paulo doe terreno ao Instituto Lula

A Prefeitura de São Paulo foi proibida nesta segunda-feira (10) de ceder um terreno ao Instituto Lula para construção do Memorial da Democracia. A decisão foi tomada pelo juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado, atendendo a um pedido do Ministério Público.

A área, próxima à estação Luz, na região central da cidade, foi cedida pela gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) ao instituto no final de 2012.

Para o juiz, a lei municipal que autorizou a cessão ofende os princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade, da isonomia e da proibição de publicidade de programa ou atividade pública em promoção pessoal de autoridade ou servidor público.

"Triste ironia: a instalação de um memorial da democracia com ofensa a diversos princípios democráticos", escreveu Laroca em sua decisão.

O museu apresentaria, além da história das lutas pela democracia no Brasil, o acervo presidencial privado do presidente Lula durante seus dois mandatos (2003-2010).

"Existe enorme risco de que o imóvel público concedido ao instituto-réu (...) seja utilizado preponderantemente para a promoção pessoal do ex-presidente Lula e de seu partido (PT), já que ele continua com sua atividade político-partidária", disse Laroca.

Divulgação
Projeto do futuro Memorial da Democracia, que seria construído no terreno doado ao Instituto Lula
Projeto do futuro Memorial da Democracia, que seria construído no terreno doado ao Instituto Lula

A medida também infringe, para o juiz, a lei que exige licitação para concessão de uso de bem público. Segundo o magistrado, a doação do terreno no momento em que Kassab fundava seu novo partido, o PSD, "revela o patrimonialismo ou neopatrimonialismo do Estado Brasileiro".

A decisão define multa diária de R$ 500 mil, a contar da intimação judicial, caso haja o prosseguimento da execução do projeto. O juiz também determina que o município adote medidas para que o terreno não seja invadido –de janeiro a novembro de 2013, um edifício no meio da área foi ocupado por cerca de 200 famílias sem-teto.

Ainda cabe recurso. Procurada, a assessoria do Instituto Lula disse que ainda não foi notificada da decisão e, por isso, não se pronunciaria sobre o assunto.


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