Folha de S. Paulo


Advogado diz que pedirá liberdade provisória de Pizzolato

O advogado italiano de Henrique Pizzolato, Lorenzo Bergami, disse nesta quinta-feira (6) que pedirá a liberdade provisória do ex-diretor do Banco do Brasil.

Pizzolato, segundo o advogado, vai pedir para ficar na Itália, onde poderá responder por uso de documento falso (ele usava o passaporte do irmão morto). Bergami argumenta que seu cliente não oferece mais perigo de fuga, já que seria facilmente extraditado ao Brasil se for a outro país. Como tem cidadania italiana, pode ter a extradição negada pelo governo italiano.

No Brasil, Pizzolato foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 12 anos e sete meses de prisão por seu envolvimento no esquema do mensalão.

Bergami pedirá a liberdade de seu cliente em uma audiência preliminar na Corte de Apelação de Bolonha, às 11h da manhã (8h em Brasília), que servirá para fazer a identificação oficial de Pizzolato perante a Justiça italiana. Além do advogado e do réu, estarão presentes três juízes e um representante do ministério público do país.

Nessa audiência, os três juízes vão decidir se ele continuará preso enquanto corre o processo de extradição, se ele ficará em prisão domiciliar –usando um bracelete eletrônico– ou se ficará em liberdade.

Indagado sobre a prisão do ex-diretor na Itália usando documentos falsos, Bergami afirmou que a situação não é favorável. "A história do passaporte [falso] realmente não ajuda", admitiu.

Pizzolato está na prisão Santana, em Modena, no norte do país. O advogado disse que ele está "abatido".

PRISÃO

Foragido desde novembro do ano passado, Henrique Pizzolato, o ex-diretor do Banco do Brasil condenado no processo do mensalão, foi preso na manhã de quarta-feira (5) no norte da Itália, como noticiou a Folha.

Numa ação das polícias italiana e brasileira, ele foi detido em Maranello (a 322 km de Roma), onde vivia na casa de um sobrinho, com passaporte falso em nome de Celso, irmão morto em 1978 em um acidente de carro.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o governo pedirá à Itália a extradição de Pizzolato. No entanto, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) avaliam que a medida é "inócua". Para Celso de Mello, o pedido é "juridicamente inviável" –já que Pizzolato possui cidadania italiana e as leis locais proíbem a extradição de seus cidadãos. Já a Procuradoria-Geral da República considera que existem brechas legais.

A partir de informação da polícia italiana de pedido de cidadania de residente, a Polícia Federal descobriu que Pizzolato havia falsificado documentos. O planejamento da fuga começou em 2007, cinco anos antes de ele ser condenado pelo STF a 12 anos e 7 meses de prisão pelo envolvimento no esquema do mensalão.

No momento da prisão, o ex-diretor do BB estava com a mulher e tinha € 15 mil. "Ele jogou o nome da família na lama", disse a tia de Pizzolato no Brasil.

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

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