Folha de S. Paulo


Documento mostra perseguição da ditadura contra cineastas

Novo documento divulgado nesta segunda-feira (27) pelo site "Arquivos da Ditadura", do jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha, mostra como o governo militar, nos seus estertores, elaborou lista de cineastas que deveriam ser vetados.

O documento também mostra que o governo militar determinou a demissão do então presidente da Embrafilme, Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, por ele liberar um filme que abordava ironicamente a ditadura (1964-1985) e seus subterrâneos.

O diplomata Celso Amorim estava no cargo desde 1979, ano em que o general João Batista Figueiredo assumiu a Presidência do último militar da ditadura.

Em 1982, chegara aos cinemas "Pra Frente Brasil", de Roberto Farias, cuja trama tratava da vitória brasileira na Copa de 1970, usada à exaustão pelo regime, e ainda abordava um episódio de tortura, com um personagem interpretando o delegado Sérgio Fleury, um dos nomes mais associados às sevícias e mortes no período.

Juca Varella-18.jun.2013/Folhapress
O ministro da Defesa, Celso Amorim
O ministro da Defesa, Celso Amorim

Após protestos dos militares contra o filme, o próprio Figueiredo reuniu-se em março de 1982 com o seu chefe de Gabinete Civil, João Leitão de Abreu, o chefe do Gabinete Militar, general Danilo Venturini, além de Delfim Netto, ministro do Planejamento.

Naquele encontro decidiu-se: "Demissão do presidente da Embrafilme. Falar com Ludwig", sobrenome do então ministro da Educação, Rubem Ludwig. Terminava ali a gestão de Amorim à frente da Embrafilme.

O SNI (Serviço Nacional de Informações), braço de inteligência da ditadura, ainda elaborou lista de cineastas vetados, como os diretores Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Nelson Pereira dos Santos, entre outros.


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