Folha de S. Paulo


Petista, prefeito de Barrinha (SP) pinta a cidade de vermelho

O prefeito petista Mituo Takahashi de Barrinha (a 337 km de São Paulo) pintou, literalmente, a cidade de vermelho.

Quem chega ao município de 30,5 mil habitantes, na região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), consegue ver facilmente a grande quantidade de prédios e espaços públicos que estão com a mesma cor do seu partido.

São praças, canteiros, bancos, parques, guias e sarjetas, postes e prédios públicos. Está tudo vermelho. Até as lixeiras da praça foram pintadas. Nem o prédio da prefeitura escapou. A cor também está presente dentro das escolas municipais.

Editoria de Arte/Folhapress

Em dezembro, Takahashi comprou 3.000 cadeiras e carteiras para substituir as antigas. Todas as cadeiras são vermelhas e as mesas têm detalhes na mesma cor. Um grupo de vereadores da oposição decidiu que vai questionar o prefeito sobre o fato. "O prefeito está extrapolando o amor ao partido", disse a vereadora Luzia Cursio (PMDB).

Segundo ela, a "onda vermelha" começou em novembro do ano passado. Um levantamento, de acordo com a vereadora, está sendo feito para saber o quanto foi gasto. Um requerimento já foi enviado ao prefeito solicitando explicações.

Na praça onde fica a quadra poliesportiva José Tertulino da Silva, logo na entrada, as guias e sarjetas foram pintadas. Um imóvel público que fica no local, também foi. O Cemei (Centro Municipal de Educação Integral) Kaor Maryama teve os muros pintados. Assim como o OSB-Skate Park, que antes, era azul.

O prefeito determinou a pintura até de um monumento, que fica na praça da Bíblia. No local, há realização de cultos evangélicos. O Centro Odontológico Oscar Takenobu Okano foi outro prédio público pintado de vermelho. "Ele deveria optar pela neutralidade das cores. O prefeito está levantando a bandeira do partido", afirmou a peemedebista.

O cientista político René Bernardes de Souza Júnior disse que a atitude do prefeito pode ser enquadrada em propaganda partidária ilegal. "Quando pinta a cidade inteira com a cor que remete a ideologia partidária e em ano de eleição, implica em ato de inconstitucionalidade", afirmou. Segundo ele, a situação fica ainda pior se envolver uso de verba pública.

CONDENAÇÃO

Em 2012, o TJ (Tribunal de Justiça) condenou o ex-ministro Antonio Palocci a devolver aos cofres de Ribeirão Preto valores gastos com propaganda quando era prefeito da cidade, em 2001.
Para o TJ, houve propaganda ilegal no uso do símbolo "P/R", em que a primeira letra, estilizada e em cor vermelha –cor do seu partido, o PT– foi considerada "tendenciosa".

O petista também usava a própria imagem e as frases "Ribeirão Moderna e Humana" e "Ribeirão, Um Ano de Conquistas". De acordo com a 2ª Vara da Fazenda Pública, Palocci gastou R$ 413,2 mil com publicidade e suplementou em R$ 500 mil a verba para o fim.

OUTRO LADO

A Prefeitura de Barrinha informou, por meio de sua assessoria, que a cor vermelha está presente no brasão da bandeira do município e que não há nenhuma alusão a partido político. A cor consta numa faixa do brasão, sendo as cores azul, verde e amarelo predominantes na imagem.

Informou ainda que a cor vermelha foi usada para pintar os prédios e espaços públicos porque havia disponibilidade no almoxarifado do município, argumentando que nenhum valor foi gasto pela atual administração.

Em nota, apontou que a compra de cadeiras e carteiras novas para as escolas foi no valor de R$ 800 mil e entre as cores existentes estava "a presente no brasão da bandeira do município."


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