Folha de S. Paulo


Fundador de dissidência do MST, Bruno Maranhão morre no Recife

Um dos principais expoentes da defesa da reforma agrária no país, o engenheiro mecânico e militante político Bruno Maranhão morreu no sábado (25) aos 74 anos, no Recife.

Maranhão estava hospitalizado havia duas semanas, e morreu por falência múltipla de órgãos. Seu corpo foi cremado na manhã deste domingo (26) no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana do Recife.

Fundador do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), dissidência do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Maranhão pertencia a uma tradicional família de usineiros de Pernambuco, mas ainda na juventude passou a participar de movimentos políticos de esquerda.

Na ditadura militar (1964-1985), aderiu à militância do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR). Foi exilado e voltou da França em 1979, quando ajudou a fundar o PT.

Lucio Tavora - 18.jun.06/Folhapress
 Bruno Maranhão, um dos principais líderes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) durante entrevista em Brasília
Bruno Maranhão, um dos principais líderes do MLST durante entrevista em Brasília

Maranhão ficou notabilizado em 2006 por organizar uma invasão do MLST à Câmara dos Deputados para cobrar a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Trabalho Escravo.

Os manifestantes depredaram parte do prédio da Câmara, o que resultou prisão de Maranhão e outros 40 integrantes do movimento. Às vésperas da eleição que reconduziria o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, o ato causou mal-estar no comando petista.

MILITANTE

Em sua página no Facebook, o ex-presidente Lula afirmou que Maranhão foi "um grande companheiro, amigo e um grande militante da esquerda brasileira. "Recife, Pernambuco e o Brasil perdem um grande guerreiro da luta pela liberdade e igualdade", escreveu Lula.

Vice-presidente nacional do PT, o deputado federal José Guimarães (CE) lamentou a morte do companheiro de partido. "Bruno era, acima de tudo, um homem comprometido com a liberdade e com a igualdade social. E também era um homem de militância transparente, que fazia o que pensava", afirmou.

Em nota, a presidente do PT em Pernambuco, Tereza Leitão, afirmou que Maranhão era uma homem "de posições muito firmes" e "conhecido pela convivência fraterna e respeitosa com divergentes, dentro e fora de sua legenda".


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