Folha de S. Paulo


Bancada do PMDB na Câmara pressiona Dilma por ministério

Em mais uma ação para pressionar a presidente Dilma Rousseff a aumentar o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios, a bancada do partido na Câmara ameaça abrir mão de seus cargos se perder uma de suas vagas na nova composição do primeiro escalão do governo.

Dois ministérios são hoje comandados por apadrinhados dos deputados peemedebistas: Turismo e Agricultura. Dilma sinalizou a aliados que poderá entregar o Turismo ao senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), modelo que desagrada a bancada do partido na Câmara.

O grupo aceita a indicação de Vital se Dilma mantiver nas mãos dos deputados peemedebistas o comando de outra pasta –preferencialmente a Secretaria de Portos ou o Ministério de Ciência e Tecnologia. Mas não aceita perder um ministério, mesmo que o indicado seja outro peemedebista.

"Se a Câmara ficar com um ministério, a gente entrega o outro. Nesse cenário, preferimos apoiar o governo sem cargos", disse à Folha o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).

A ameaça tem respaldo do presidente da sigla, senador Valdir Raupp (PMDB-RO). "Eles estão dispostos a entregar outro ministério. É melhor ficar sem do que ainda ficar com ministério problema", disse em referência à Agricultura.

A nomeação de Vital no Turismo agrada caciques do partido como Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP). Mas o peemedebista é considerado na sigla uma indicação da cota do Senado. Por isso, os deputados só apoiam a indicação de Vital se receberem outra pasta em troca.

Inicialmente, o PMDB tentou emplacar o senador no Ministério da Integração Nacional. O partido não desistiu da pasta, mas Dilma sinalizou que ela deve ser ocupada pelo Pros –partido recém-criado que apoia a sua reeleição. O Pros tenta emplacar o ex-ministro Ciro Gomes para o cargo, que tem resistência dos peemedebistas.

Fora do Brasil para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos, Dilma deve retomar as discussões sobre a reforma ministerial no dia 29, quando retorna ao Brasil. Até lá, os partidos aliados travam uma batalha nos bastidores em busca de espaço no governo. O PT quer manter o apoio das legendas aliadas de olho na ampliação do seu tempo de rádio e TV na disputa presidencial de outubro.

A presidente ainda vai discutir cargos com diversos aliados, como PTB e PP. Os petebistas, que não têm nenhum ministério, esperam ser contemplados na reforma e estão de olho no Turismo e na Integração Nacional. Já o PP, que comanda o Ministério das Cidades, também tem sede de ampliar seu espaço no primeiro escalão.


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