Folha de S. Paulo


'Não atrapalha a eleição, muda', diz Alckmin sobre não financiamento de empresas

A proibição do financiamento de campanhas políticas por empresas privadas "não atrapalha a eleição, mas muda" o cenário para 2014, disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nesta quinta-feira (12) em Campinas (a 93 km de São Paulo).

Alckmin, que concorrerá à reeleição provavelmente contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) e Paulo Skaf (PMDB), presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), foi evasivo ao falar sobre quais mudanças seriam essas.

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"Não atrapalha a eleição, muda", disse o governador, durante inauguração de um voo da Azul de Viracopos para Araraquara (a 273 km de São Paulo). "Não vejo problema. A situação é igual para todos."

Atualmente, as empresas são as grandes financiadoras das campanhas políticas no Brasil. Em 2010, 98% dos recursos utilizados pelos dois principais candidatos à Presidência da República --Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB)-- vieram de empresas.

O STF (Supremo Tribunal Federal) está julgando ação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para limitar as doações de campanha a apenas pessoas físicas. Segundo a OAB, as doações de empresas privadas a campanhas políticas é inconstitucional.

Dois ministros afirmaram ontem ser a favor da tese: o presidente do STF, Joaquim Barbosa, e o ministro Luiz Fux. O julgamento será retomado nesta quinta. "A reforma política não avançou no Congresso, então o Supremo está interpretando a lei", disse Alckmin. "Há que se respeitar a decisão do Judiciário."

CARTEL

Ele voltou a dizer que defende "investigação absoluta" no escândalo do cartel de empresas que fraudou licitações de trens e do metrô em São Paulo durante as gestões tucanas de Mário Covas, José Serra e do próprio Alckmin.

"O Estado de São Paulo é o maior interessado", afirmou. "Se tiver alguém do governo ou de empresas envolvido, será responsabilizado. E as empresas, se lesaram o Estado, vão indenizar o Estado." Mais cedo, durante evento na capital paulista, Alckmim disse ver "objetivo nitidamente político eleitoral" em parte das denúncias relativas ao cartel.

Com o risco de que o escândalo contamine sua campanha pela reeleição, o governador pediu ontem que a apuração sobre o caso aconteça "rapidamente e em profundidade", para não "colocar o nome de pessoas sérias em dúvida".

O inquérito do caso foi remetido pela Justiça ao STF após depoimento de um ex-executivo da Siemens mencionar propina a dois secretários de Alckmin, os deputados licenciados Edson Aparecido (Casa Civil) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico).

Editoria de Arte/Folhapress

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