Folha de S. Paulo


Sem-teto deixam terreno do Instituto Lula

Um terreno doado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) ao Instituto Lula foi desocupado por aproximadamente 80 famílias no último dia 15.

A área pertencia à Prefeitura de São Paulo e foi cedida ao instituto no final de 2012 para a construção do Memorial da Democracia. Em janeiro deste ano, porém, um edifício no meio do terreno foi invadido por cerca de 200 famílias. O grupo foi denominado Ocupação Margarida Maria Alves.

Segundo o líder da ocupação, Nelson da Cruz Souza, o grupo deixou o prédio após negociação com a Secretaria Municipal de Habitação e a saída foi pacífica.

Ainda segundo o líder, o órgão municipal ofereceu a quantia de R$ 900 e um auxílio de R$ 300 mensais por família para que o local fosse desocupado.

Souza avalia que os valores não condizem com o preço do aluguel em São Paulo. "É uma vergonha. Para construir um museu da democracia, desocupam um prédio e o povo dorme na rua."

O líder diz que a prefeitura alegou más condições do imóvel em função de um incêndio ocorrido em junho.

A Secretaria Municipal de Habitação não enviou resposta à Folha até o fechamento desta edição.

O terreno fica próximo à Estação da Luz, no centro. Na área de 4.300 m² serão erguidos dois prédios para o Memorial da Democracia.

Um deles abrigará o acervo presidencial privado do governo Lula, documentos, cartas e presentes recebidos pelo ex-presidente durante seus dois mandatos (2003-2010). O outro prédio contará a história de lutas brasileiras pela democracia desde a época colonial até a atualidade.

Divulgação
Projeto do futuro Memorial da Democracia, que será construído pelo Instituto Lula em área recentemente desocupada no centro de SP
Projeto do futuro Memorial da Democracia, que será construído pelo Instituto Lula em área recentemente desocupada no centro de SP

CUSTOS

O Instituto Lula diz que não há previsão para o início das obras ou estimativa de gastos, já que não recebeu da Prefeitura de São Paulo todos os documentos que formalizam a concessão do terreno.

No ano passado, a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda disse que o instituto poderia captar recursos por meio da Lei Rouanet para financiar a construção do memorial. O diretor da entidade, Paulo Okamotto, também cogitou essa possibilidade.

O terreno em que o memorial será construído é avaliado em R$ 20 milhões. A concessão da área é de 99 anos.


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