Folha de S. Paulo


Genoino renunciou porque não queria ter 'deputado cassado' no currículo, diz Vargas

Portador da carta de renúncia do ex-deputado José Genoino (PT-SP), o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), afirmou nesta terça-feira (3) que o correligionário entregou o mandato porque só não queria ter em seu currículo "deputado cassado".

Segundo o petista, a entrega do cargo começou a ser discutida na noite de segunda-feira (2). Um dos dois integrantes do PT na Mesa Diretora, Vargas procurou os colegas e tentou conversar sobre o adiamento do processo. Como as indicações não eram favoráveis, os petistas começaram a a discutir as saídas.

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Pela regras da Câmara, para escapar da renúncia, ele precisaria entregar o posto antes do processo chegar à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A entrega do cargo foi feita por Vargas durante reunião da Mesa Diretora, após a votação sobre a abertura preliminar do processo indicar pela abertura.

"Ele [Genoino] me informou que não queria passar por um constrangimento por uma Comissão de Ética. O único pleito [dele] era não ter no currículo a expressão deputado cassado. Seus direitos políticos foram retirados, a aposentadoria ele já tem. Se tratava de uma situação absolutamente de terminar concluir os 25 anos aqui como homem honrado que não quebrou o decoro parlamentar", disse Vargas.

O vice-presidente afirmou que não haverá retaliação do PT contra o comando da Casa, mas reconheceu que a relação com o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), está abalada.

"Lamento a postura de Henrique Alves. Ele poderia ter acolhido os efeitos suspensivos [do processo] porque ele [Genoino] está afastado e está temporariamente inválido. Ao instaurar o processo, a Mesa estaria instaurando o processo contra alguém que não poderia se defender", disse o petista.

E completou: "me sinto decepcionado com Henrique Alves".

O presidente da Câmara evitou fazer comentários sobre a renúncia e se ateve apenas as questões regimentais do caso. "Evidentemente, não foi uma decisão que nos trouxe qualquer sentimento de alegria porque é sempre um tema constrangedor para esta Casa. Mas, cumprindo o regimento, nós damos início ao processo e antes que desse aferimento de todos os votos, o vice-presidente nos entregou uma carta de renúncia do mandato do deputado Genoino. Antes mesmo de termos o resultado", disse.

Perguntado se Genoino havia renunciado para não ter que enfrentar o processo de cassação, Simão Sessim (PP-RJ) afirmou que ele tem uma história a zelar. "Ele [Genoino] fez várias considerações sobre a sua história. [...] Eu não posso avaliar pelo que ele disse".


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