Folha de S. Paulo


Comerciante não aceita propostas e quer outra casa

Um imóvel destoa das casinhas iguais e coloridas do núcleo habitacional da fazenda Salão, área hoje quase deserta em Sertânia (PE).

É a casa do comerciante Cléber José da Silva, 33, que não aceitou as propostas do Exército e do Ministério da Integração Nacional para deixar o local em que a família vive há décadas.

A vila de Sertânia é uma das 17 que o governo federal está construindo no Nordeste para abrigar as famílias que serão reassentadas para dar lugar à transposição das águas do rio São Francisco.

Transposição do rio São Francisco produz vilas fantasmas

Com a vila ainda inabitada, Cléber não tem vizinhos.

Na casa antiga da família, ele vive com a mulher e o filho de seis anos. Além das pessoas da obra, é o único com posse da chave que dá acesso ao terreno.

CASAS VAZIAS

O comerciante permitiu que a Folha entrasse na área cercada, mas pediu que a reportagem não fosse até as casas ainda desocupadas.

"Vieram com uma intimação para eu deixar a casa. Queriam que saísse de imediato. Mas vou sair para morar em casa de parente?", questiona Silva. Ele afirma que não aceitou a proposta feita pelo governo federal.

O comerciante afirma que houve apenas uma promessa verbal de indenização, mas não quis citar o valor oferecido. Além do dinheiro, ele reivindica também uma casa em outra localidade.
No quintal de seu imóvel, Silva e sua mulher criam galinhas, porcos, bois e bodes.

REFORMA

Apesar das ameaças de despejo que ele diz sofrer, está reformando a casa. "É para ver se, quando pagarem [a indenização], pagam pelo menos melhor", afirmou.

Segundo o Ministério da Integração Nacional, a propriedade já foi totalmente indenizada pela União. O valor, porém, não foi informado.

Em nota, o ministério declarou que já entrou com um pedido de reintegração de posse da área ocupada pelo comerciante em Sertânia.


Endereço da página:

Links no texto: