Folha de S. Paulo


Após caso envolvendo deputado, Assembleia de MG proíbe gastos com aeronaves

Um grupo de aproximadamente 30 manifestantes promoveu um protesto em forma de "farinhaço" na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (28) para pedir apuração rigorosa sobre o uso do helicóptero do deputado Gustavo Perrella (SDD) apreendido pela Polícia Federal transportando drogas no Espírito Santo.

A pressão, com farinha, talco e helicóptero de brinquedo na frente do Legislativo, deu resultado.

A Presidência da Casa proibiu que a verba indenizatória seja usada para custear combustível de aeronaves, como vinha fazendo o deputado Perrella. Até então esse uso era permitido.

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Após o protesto, alguns manifestantes foram recebidos pelo primeiro secretário da Mesa Diretora, deputado Dilzon Melo (PTB), e foram informados que o presidente da Casa, Dinis Pinheiro (PP), restringira o uso da verba e determinara apuração da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar sobre o caso.

Viviane Cipriano/Leitor
Manifestantes promovem protesto em forma de 'farinhaço' na Assembleia Legislativa de Minas Gerais
Manifestantes promovem protesto em forma de 'farinhaço' na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

O piloto do deputado, Rogério Almeida Antunes, foi preso em flagrante, mas disse que não sabia que transportava 445 kg de cocaína. Segundo a PF, até agora não há prova de envolvimento da família Perrella ou da agropecuária dela com o tráfico de cocaína. O deputado Gustavo é filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro.

A Mesa da Assembleia, na nota divulgada pelo presidente, disse ainda ter determinado à sua Procuradoria-Geral que acompanhe na Polícia Federal o andamento das apurações.

"A Assembleia Legislativa [...] em hipótese alguma admite comportamento que não esteja de acordo com a seriedade e o decoro exigidos pelo Parlamento mineiro. A Assembleia espera que a Polícia Federal realize as apurações o mais rápido possível", diz a nota.

Embora não divulgados, um dos objetivos da Comissão de Ética da Casa será apurar e explicar o que o piloto de Perrella fazia na Comissão de Turismo da Assembleia e se comparecia com regularidade ao trabalho, já que fora nomeado pelo deputado, recebendo por mês R$ 1.700.

Até agora, a Assembleia diz que a explicação deve ser do deputado, que empurra a questão para a secretaria da Mesa, que por sua vez a devolve para o gabinete de Perrella. Na nota, o presidente diz que exonerou imediatamente o piloto Antunes, que está preso no ES.


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