Folha de S. Paulo


Disputa entre PSDB e PT sobre caso de cartel em SP é 'campanha' eleitoral, diz Temer

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) classificou nesta quarta-feira (27) como campanha eleitoral a troca de acusações entre PSDB e PT em torno das investigações sobre a formação de cartel para fraudar licitações de metrô e trens nos governos tucanos de São Paulo.

"Lamentavelmente se antecipou muito a campanha. Acho que temos que seguir o calendário legal, e o calendário legal exige que a partir do ano que vem se pense na campanha. Lamentavelmente é um clima de campanha, e eu não acho útil isso", disse Temer na saída da sessão solene da Câmara relativa aos 25 anos da Constituição.

Após críticas do PSDB, Cardozo diz que investigação virou disputa política
PSDB acusa PT de reeditar a operação dos 'aloprados' para encobrir o mensalão
Ministro da Justiça diz que seguiu lei ao avisar PF sobre cartel

Ontem, o PSDB reuniu a imprensa para fazer fortes críticas à atuação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no episódio. Sob o argumento de que o ministro deu credibilidade e pediu investigação de acusações apócrifas e forjadas contra políticos do PSDB, o partido do presidenciável Aécio Neves (MG) pediu a demissão do petista.

Cardozo, também em entrevista coletiva à imprensa, rebateu os tucanos afirmando que acabou o tempo do "engavetador-geral da República" --como os petistas se referiam ao chefe do Ministério Público Federal da gestão tucana, Geraldo Brindeiro.

Zanone Fraissat - 28.jun.12/Folhapress
O vice-presidente da República, Michel Temer, critica troca de acusações entre PSDB e PT sobre cartel em SP
O vice-presidente da República, Michel Temer, critica troca de acusações entre PSDB e PT sobre cartel em SP

ACUSAÇÃO CONTRA TUCANOS

As acusações contra políticos tucanos vieram a público após a divulgação de um suposto depoimento do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer que apontava a "existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos [Mário] Covas, [Geraldo] Alckmin e [José] Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".

Rheinheimer negou posteriormente ser o autor da denúncia. O depoimento diz que Aparecido recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, acusado de intermediar o pagamento de comissões de empresas que atuam no mercado de trens. São citados como próximos do lobista mais três secretários de Alckmin: Anibal, Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), do DEM. Aloysio Nunes (PSDB-SP) também era mencionado como pessoa próxima a Arthur.

Embora dois delegados da Polícia Federal que participam das investigações tenham afirmado que receberam essas acusações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o ministro da Justiça afirmou depois que recebeu o depoimento das mãos do secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, o também petista Simão Pedro.

A versão visa preservar o Cade, segundo a Folha apurou. O órgão responsável pela defesa da concorrência, que investiga o cartel no mercado de trens denunciado pela Siemens, tem como presidente Vinicius Carvalho, que foi chefe de gabinete de Simão Pedro e que escondeu essa informação do seu currículo.


Endereço da página:

Links no texto: