Folha de S. Paulo


Alckmin quer acesso ao depoimento que acusa seus secretários de corrupção

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta quinta-feira (21) que solicitou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e à Polícia Federal toda a documentação referente à denúncia de corrupção envolvendo seus secretários feita por um ex-diretor da Siemens, empresa alemã que disputa o fornecimento de equipamentos ao Estado, para "apurar rigorosamente tudo".

Segundo reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" nesta quinta, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer entregou um relatório ao Cade dizendo dispor de "documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".

Rheinheimer, conforme o jornal, afirma que o secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido, foi citado pelo lobista Arthur Teixeira como recebedor de propina de empresas do suposto cartel no setor de transporte. Também menciona o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal (Energia), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), e o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).

Alckmin afirmou que não tinha conhecimento do material. "Estamos solicitando judicialmente que nos enviem toda essa documentação para a gente apurar rigorosamente tudo", disse Alckmin. "O nosso compromisso é com a verdade, doa a quem doer, não interessa o cargo, não interessa quem é. É apuração rigorosa", completou.

O governador descartou a hipótese de afastamento dos secretários citados enquanto não receber o depoimento. "Não tem sentido fazer afastamento se [o governo] não teve nem acesso aos documentos", afirmou.

"Aliás, nós já deveríamos ter tido acesso a isso, porque esse depoimento [de Rheinheimer] antecede o acordo de leniência", acrescentou.

Rheinheimer é ex-diretor da divisão de Transportes da Siemens, onde trabalhou durante o período de 22 anos. Ele deixou a companhia em 2007. Essas acusações, conforme o jornal, foram feitas ao Cade em 17 de abril deste ano, um mês antes de acordo com o Cade em que a Siemens revela as ações do cartel de trens.

O relatório, que, segundo o jornal, também cita o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB), e o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, é o primeiro documento que vem à tona fazendo referência a propinas que teriam sido pagas a políticos do PSDB. Até então, as suspeitas giravam em torno só de ex-funcionários de estatais.

Além da própria Siemens, as empresas do ramo ferroviária mencionadas são a Alstom, a Bombardier e a Caterpillar.

Editoria de Arte/Folhapress

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