Folha de S. Paulo


Dirceu passa horas de mãos dadas com namorada no complexo da Papuda

Sem revistas, somente a entrega do celular. Essa era a única exigência feita aos visitantes que chegavam ao Complexo Penitenciário da Papuda para encontrar José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino.

Após passar por uma meia dúzia de portas, lá estavam os três petistas, vestidos com camiseta branca, à espera em uma modesta sala com mesa e cadeiras.

No pequeno ambiente, relatos de como foram presos. Em alguns momentos, a sala de visitas chegou a ter dez presentes, além dos detidos.

Um "calmo" Dirceu destoava de um "deprimido" Genoino. "Ele está desmontado", disse um dos visitantes sobre o último. O petista só fala na prisão, remonta em detalhes os passos de seu encarceramento e repete, a todo tempo, reclama das "arbitrariedades".

Na terça, no quarto dia privado de liberdade, o ex-chefe da Casa Civil parecia não ter perdido a habitual altivez. Apesar das palavras de indignação, postava-se como se estivesse em exílio político.

Das horas de visita, chamou atenção uma cena de carinho. Enquanto fala, e falava, sobre o desfecho do julgamento do mensalão, uma mão feminina não largava seu braço. Era Simone Pereira, mãe de Maria Antônia, 3, filha mais nova de José Dirceu. O deputado federal Zeca (PT-PR), descendente mais velho, também estava por lá.

Quando questionado se pretendia cumprir sua pena em São Paulo, como originalmente planejado, o ex-ministro fez um sinal negativo com a cabeça. "Mudei de ideia", respondeu, sem dar muita explicação.

Amigos avaliam que, em Brasília, tanto Dirceu quanto Delúbio estão em local mais seguro permanecendo na capital, onde o sistema penitenciário é subordinado a um governo do PT. Já em São Paulo, seria do PSDB. Dirceu tem ainda a vantagem de ficar perto de Simone, moradora da cidade.

Ao contrário dos demais, Genoino não só tenta uma transferência como espera que o Supremo Tribunal Federal lhe conceda o direito de cumprir sua pena em regime domiciliar por motivos de saúde. No Palácio do Planalto, que se manteve em silêncio desde as detenções do último dia 15 por ordem de Dilma Rousseff, a situação de Genoino foi a única lamentada de formal sentimental nos principais gabinetes do Planalto, o presidencial inclusive. No passado, Dilma chegou a participar de um jantar reservado em homenagem ao petista.


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