Folha de S. Paulo


Governo do Amazonas congela compras após deficit atingir R$ 1 bi

Contas apertadas e o velho desafio de superar a dependência econômica da Zona Franca de Manaus marcam a reta final do governo de Omar Aziz (PSD) no Amazonas.

À frente do Estado desde março de 2010, Aziz chegou a congelar as compras do governo neste mês, diante de um déficit nas contas que já supera R$ 1 bilhão.

A oposição aponta "descontrole" na gestão e calibra o discurso para 2014. "Há um desequilíbrio perigoso", diz o deputado estadual Marcelo Ramos (PSB). O governo reconhece a "luz amarela" e atribui o cenário à queda nas transferências federais, mas nega prejuízo ao cidadão. "Serviços essenciais continuam sendo prioritários", afirma o secretário da Fazenda, Afonso Lobo.

Os gastos com o custeio da máquina pública também avançaram 24,5% desde 2011, e o Estado já estourou o limite com essas despesas --que consomem 49,4% da receita.

Para o titular da Fazenda, esse aumento no custeio reflete aportes em setores como segurança, saúde e educação. Os gastos em segurança cresceram 24% desde 2011 e trouxeram indicadores positivos em crimes como homicídios dolosos (queda de 3,5% de 2011 para 2012) e latrocínios (-8,3%).

Já as obras de mobilidade prometidas para a Copa do Mundo --Manaus será sede-- não saíram do papel. Os principais projetos, monotrilho e BRT (ônibus rápido), foram adiados. "O financiamento não foi liberado pela Caixa. E não sabemos quando irá ocorrer", justifica Lobo.

Alan Marques-16.out.12/ Folhapress
Governador Omar Aziz (PSD) tenta controlar déficit nas contas que já supera R$ 1 bilhão
Governador Omar Aziz (PSD) tenta controlar déficit nas contas que já supera R$ 1 bilhão

VELHO PROBLEMA

Diante da escassez de recursos, o desafio econômico do Amazonas é o mesmo de décadas atrás: criar uma alternativa à Zona Franca de Manaus, seu único motor de desenvolvimento. Aziz promete entregar, até 2014, um plano de fontes alternativas de receita, com metas para 2030. Será o terceiro estudo estatal desde 1994, nenhum deles aplicado.

"Dormimos por 46 anos na Zona Franca, não se pensou em nada além dessa área de conforto", diz o professor Luiz Almir Fonseca, coordenador do grupo de Aziz que promove o planejamento estratégico do governo. A "cereja do bolo" desse plano é a criação de um polo naval anexo à Zona Franca, que se valeria dos mesmos benefícios fiscais.

Enquanto as soluções são apenas projetos, políticos locais defendem a prorrogação, por 50 anos, dos benefícios fiscais da Zona Franca, que terminam em 2023. Proposta neste sentido está parada na Câmara dos Deputados.

FRONT POLÍTICO

O cenário da sucessão de Aziz é incerto, pela falta de consenso entre os pré-candidatos da situação. O governador foi eleito vice em 2002 e 2006 na chapa do atual senador Eduardo Braga (PMDB), mas a relação entre os dois se desgastou, embora não haja rompimento. Aziz não pode concorrer de novo ao cargo, e por enquanto Braga é favorito nas pesquisas para o governo.

Outros nomes são cotados para a candidatura governista, como o do atual vice de Aziz, José Melo (Pros) e o de Rebecca Garcia (PP), secretária de Governo. Também devem concorrer ao cargo o vice-prefeito de Manaus, Hissa Abrahão (PPS), o deputado federal Henrique Oliveira (Solidariedade) e o professor Alcebíades Oliveira (PSOL).

Editoria de Arte/Folhapress

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