Folha de S. Paulo


Condenado no mensalão, ex-diretor do Banco do Brasil foge para a Itália

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal por seu envolvimento com o esquema do mensalão, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu do Brasil para a Itália e anunciou neste sábado (16) que pedirá novo julgamento, agora por um tribunal italiano.

Uma equipe da Polícia Federal esteve na casa do petista para buscá-lo na sexta-feira (15), mas a família disse que não sabia o paradeiro dele. Neste sábado, contudo, parentes do ex-diretor do BB divulgaram nota à imprensa afirmando que Pizzolato está na Itália há 45 dias.

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Leia íntegra da carta de Henrique Pizzolato
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Michel Filho - 17.dez.2012/Agência O Globo
Henrique Pizzolato (centro) durante debate de sindicato em São Paulo no final do ano passado
Henrique Pizzolato (centro) durante debate de sindicato em São Paulo no final do ano passado

O advogado Marthius Lobato, que defendeu Pizzolato no processo do mensalão, disse que só soube ontem que ele estava na Itália e que não sabe como ele deixou o país. Segundo ele, Pizzolato, que tem cidadania italiana, teve seus dois passaportes retidos pela Justiça no ano passado.

A PF disse que a fuga do país aconteceu pela fronteira terrestre com o Paraguai em Ponta Porã (MS).

Da cidade fronteiriça Pedro Juan Caballero, Pizzolato teria ido a Assunção e tirado novo passaporte italiano. Então, embarcado rumo ao país europeu.

Lobato, que declarou sua participação no caso encerrada, distribuiu uma nota deixada por Pizzolato, em que o petista critica a maneira como o processo do mensalão foi conduzida pelo Supremo Tribunal Federal e anuncia que pedirá novo julgamento.

"Por não vislumbrar a minha chance de ter um julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente, fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália."

Pizzolato foi condenado por ter autorizado o repasse de R$ 73,8 milhões do Banco no Brasil para o esquema do mensalão, que distribuiu milhões de reais a políticos que apoiaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2005. Pizzolato recebeu R$ 336 mil do esquema.

O ex-diretor do BB disse durante o julgamento que esse dinheiro era destinado ao PT e que os recursos repassados pelo Banco do Brasil foram aplicados em campanhas publicitárias, e não desviados para o esquema do mensalão.

Se o petista for localizado na Itália, o Ministério da Justiça poderá entrar em contato com a Corte Suprema italiana pedindo sua extradição. Dificilmente a Itália irá aceitar o pedido, porque Pizzolato também é cidadão italiano. A situação tende a se complicar por causa da recusa do Brasil, em 2010, em extraditar o italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro atentados terroristas ocorridos durante a década de 70.

Editoria de arte/Folhapress

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