Folha de S. Paulo


Suíça condena ex-executivo da CPTM por lavar dinheiro

A Justiça da Suíça condenou o ex-diretor da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) João Roberto Zaniboni por lavar dinheiro proveniente de propina no país europeu.

A informação, divulgada nesta sexta-feira (15) pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, foi confirmada à Folha por um integrante do Ministério Público Federal que acompanha as investigações no Brasil.

As autoridades suíças pedem ainda que o Ministério Público Federal investigue Zaniboni e o esquema de suborno em troca de contratos com o governo do Estado de São Paulo.

Os procuradores da Suíça, segundo a Folha apurou, também bloquearam ativos de João Roberto Zaniboni depositados em um banco suíço. Não se sabe o valor do montante. O ex-diretor da CPTM também foi condenado a pagar uma multa, que não pôde ser executada por falha no processo de cooperação entre os dois países.

Como as autoridades brasileiras falharam ao não interrogar João Roberto Zaniboni, o pedido feito pelas autoridades suíços caducou.

O ex-diretor da CPTM (1999-2003) é acusado pela Suíça de ter recebido US$ 836 mil em propinas para contratar a multinacional francesa Alstom. Ele nega o recebimento de propina, e afirma que prestou serviços de consultoria para a empresa antes de entrar na companhia estatal de transportes do governo de São Paulo.

As fraudes, de acordo com as investigações, ocorreram entre 1998 e 2008, durante os governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB, partido que governa o Estado desde 1995.

No último dia 7, a Justiça Federal determinou o sequestro de R$ 57 milhões em ativos financeiros de ex-diretores da estatal paulista de trens CPTM e consultores investigados por suspeita de fraude em licitações no setor de transportes do Estado de São Paulo.

Do montante bloqueado pela Justiça, R$ 2,98 milhões estão em contas em nome de João Roberto Zaniboni, mais R$ 2 milhões de sua consultoria, e R$ 1 milhão de seu sócio, Ademir Venancio de Araújo, outro ex-diretor da estatal paulista.

A filha de Zaniboni, Milena Colombini Zaniboni, também foi atingida. O juiz mandou sequestrar uma aplicação de R$ 1,9 milhão feita de uma vez num fundo de previdência privada em seu nome.

BLOQUEIO

Ao determinar o bloqueio dos recursos, o juiz federal Marcelo Costenaro Cavali justificou a medida apontando indícios de que empresas como a multinacional francesa Alstom e a alemã Siemens pagaram propina para obter contratos do governo.

A medida foi solicitada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para assegurar o ressarcimento dos cofres públicos se mais tarde ficar demonstrado que houve pagamento de propina e superfaturamento nos contratos sob investigação.

Segundo um integrante do Ministério Público Federal, a medida também tem o objetivo de mostrar às autoridades suíças que o Brasil, apesar da demora, também está disposto a continuar investigando o caso. Parte do sucesso da investigação dependeria de informações dos procuradores suíços.

A Folha não conseguiu falar com o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende João Roberto Zaniboni. Pacheco também faz a defesa de José Genoino, ex-presidente do PT que se entregou à Polícia Federal nesta sexta-feira. Pacheco o acompanhava quando Genoino se entregou.


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