Folha de S. Paulo


Em exumação de Jango, Tarso diz que interpretação da Lei da Anistia deve mudar

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), voltou a afirmar nesta quarta-feira (13) que a Lei da Anistia "não pode ser interpretada de modo a proteger torturadores".

Tarso esteve de manhã no cemitério de São Borja, durante os procedimentos de exumação do corpo do presidente João Goulart (1919-1976), o Jango, que foi deposto pelo golpe militar de 1964.

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"Nunca defendi a revisão da Lei da Anistia. Isso foi um mito criado por parte da imprensa que queria abrigar torturadores na forma da revisão. Sempre defendi que a lei não poderia ser interpretada de modo a proteger torturadores. E é isso que continua em jogo no país", disse o governador.

A posição é a mesma defendida por Tarso em março deste ano, durante reunião da Comissão Nacional da Verdade em Porto Alegre. Na ocasião, ele afirmou que a "lamentável" decisão tomada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2011, que considerou inimputáveis penalmente os agentes da repressão militar, poderia ser revertida.

"Esta decisão do STF pode ser mudada e aposto que vai ser mudada. Vozes importantes dentro do Supremo estão dispostas a rever aquela decisão", disse, em março.

EXUMAÇÃO

Até por volta das 14h50, os procedimentos de exumação prosseguiam no cemitério de São Borja. Em um breve comunicado a jornalistas que acompanham o processo do lado de fora do cemitério, peritos afirmaram que a sepultura estava em boas condições e que os trabalhados progrediram bem.

Os restos mortais de Jango serão depositados em uma urna e levados de carro até o aeródromo da cidade. De lá, seguirão de helicóptero até a base militar em Santa Maria, também no RS. No trecho de carro, a expectativa é que a população possa prestar homenagens a Jango.

O corpo seguirá na manhã de quinta (14) de Santa Maria para Brasília, onde serão realizados os primeiros exames. Testes mais avançados serão feitos fora do Brasil. O objetivo é tentar descobrir se Jango morreu envenenado por algum agente da ditadura quando esteve exilado na Argentina.


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