Folha de S. Paulo


Historiador rechaça hipótese de assassinato

O historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, 77, que visitou João Goulart semanas antes de ele morrer, em 1976, diz que o ex-presidente vivia "deprimido" no exílio e de modo pouco saudável.

Professor aposentado da Universidade de Brasília, Moniz Bandeira escreveu em 1977 o livro "O governo João Goulart". A última versão da obra aborda as circunstâncias da morte e rechaça a possibilidade de assassinato pelo regime.

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Para Moniz Bandeira, a versão do uruguaio Mario Neira Barreiro não é séria e até hoje não surgiu nenhuma prova de que a causa da morte não tenha sido um infarto.

"A hipótese do assassinato só poderia ser admitida se fosse comprovada uma troca, intencional ou não, dos medicamentos que Goulart regulamente tomava. Seria absurdo pensar que alguém trocou os remédios no seu bolso. É altamente improvável", afirmou o historiador por e-mail.

Moniz Bandeira e João Goulart se encontraram no Uruguai em novembro de 1976. Ele diz que o presidente estava "muito gordo", fumava e já havia tido outros infartos, o primeiro em 1962.
Apesar disso, Moniz Bandeira afirma que a exumação é importante para esgotar qualquer dúvida sobre o caso. "Será uma grande surpresa [confirmar o assassinato]."

No mês passado, a viúva de Jango, Maria Thereza Goulart, 73, disse ao jornal "Zero Hora" que no dia da morte do marido não cogitou que a morte não tivesse sido por causas naturais.

"Nunca pensei em envenenamento. Mas é natural que agora, com as pessoas falando dessa possibilidade, a gente de repente fique meio contagiada, pensando que poderia ter acontecido", afirmou.


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