Quinze homens foram presos ontem pela Polícia Civil sob acusação de aplicar golpes bancários no Rio, Bahia, Paraná e Espírito Santo. Investigação aponta que parte desse dinheiro foi para campanhas eleitorais.
Duas empresas que, de acordo com a investigação, têm envolvimento com o golpe, doaram R$ 390 mil para o "Comitê Financeiro para Prefeito - PSB", repassados à campanha eleitoral do prefeito Alcir Fernando Martinazzo, reeleito pelo partido em 2012 na cidade de Seropédica, Baixada Fluminense.
A firma Necesser Mendes Comércio de Material Elétrico doou R$ 240 mil e a Catalão Transportadora R$ 150 mil.
Desde outubro, Martinazzo não está filiado a partido, mas continua à frente da prefeitura de Seropédica. Nesse período, ele foi afastado do PSB junto com outros membros e com o então presidente do diretório do partido no Rio, na época, Alexandre Cardoso por conduta irregular de desvio de membros para o PMDB.
A Folha tentou contato com a prefeitura de Seropédica, mas não conseguiu localizar nenhum representante no final da tarde de ontem.
De acordo com a Polícia Civil, a quadrilha convencia donos de empreiteiras e pequenos empresários a pedir empréstimos para aumentar o capital social de suas empresas sob o argumento de que assim poderiam participar de licitações em municípios da Baixada Fluminense e na Bahia. Muitas dessas licitações sequer existiam.
Quando o empresário não conseguia pagar o empréstimo, o grupo se apresentava novamente sugerindo que arcaria com as dívidas se houvesse o repasse do CNPJ da empresa para o grupo.
Na maioria das vezes a transferência era feita e a empresa era colocada em nome de um terceiro, que acreditava estar se associando a um grupo sólido.
A esse novo sócio era proposto, mais uma vez, que se aumentasse o capital social da firma para que se conseguisse empréstimos bancários maiores --o esquema funcionava como uma espécie de pirâmide.
Os acusados investiram o dinheiro obtido com os empréstimos em propriedades e na compra de 82 caminhões, arrendados para transportadoras e grandes empresas.
Procurados pela Folha, os advogados dos suspeitos afirmaram que não vão se pronunciar.