Folha de S. Paulo


Maluf diz que será candidato e conta a Alckmin fórmula para 'viver 200 anos'

Um dia depois da condenação que pode impedi-lo de participar das eleições de 2014, o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) afirmou na tarde desta terça-feira (5) que será candidato e chegou a confidenciar ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), na Câmara dos Deputados, sua fórmula para a longevidade.

Antes de Alckmin participar de uma audiência pública sobre reforma tributária, Maluf se postou ao seu lado e, em meio a uma animada conversa, mostrou demoradamente ao governador uma caixinha dourada que carrega no bolso.

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"Eu mostrei para ele o elixir da longa vida. Porque ele é médico. Dentro de um avião, você não pode fazer nada para impedir um desastre. Mas você tem uma coisa que é imprescindível, que é o coração. Se essa bomba continuar funcionando, teoricamente você pode viver 200 anos", disse Maluf, que tem 82, explicando o que havia mostrado ao governador.

"Então mostrei para ele, que é médico, como eu previno o coração", disse o deputado, abrindo a caixinha e explicando pílula a pílula: "De manhã cedo, Plavix [inibidor da formação de plaquetas], para afinar o sangue, aqui óleo de peixe, para abaixar o mau colesterol. À noite, Lipitor, também para abaixar o colesterol. Aqui você tem aspirina, que é antiplaquetária."

A caixinha dourada do deputado guardava cerca de 20 pílulas. Segue Maluf: "Aqui tem vitamina C, que é 'time-release' [solta gradativamente a substância no organismo ao longo de um período de tempo], e demora oito horas, e aqui é a popular pílula de alho, que eu tomo há 40 anos".

Segundo Maluf, o alho é o responsável pela longevidade no mundo árabe. "Eu tô com 82, e a minha memória é muito boa, porque na minha memória eu só guardo as coisas boas, as coisas ruins eu deleto, então guardo só metade. Usa essa receita que eu te dei, e que não te cobrei, que você vai chegar aos 100 anos."

Alckmin se limitou a dar risadas ao ser questionado sobre a fórmula-Maluf. "Diz ele que funciona."

SUPERFATURAMENTO

Maluf foi condenado nessa segunda-feira (4) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a pagar multa de R$ 42,3 milhões pelo superfaturamento na construção do túnel Ayrton Senna durante a sua gestão na Prefeitura de São Paulo (1993-1996)

A decisão, que suspende seus direitos políticos por cinco anos, pode deixá-lo inelegível, mas seus efeitos não são automáticos. Enquanto Maluf estiver recorrendo, não haverá decisão definitiva e ele poderá brigar nos tribunais para manter a sua candidatura.

A Lei da Ficha Limpa também impede que políticos condenados por um órgão colegiado, caso de Maluf, disputem as eleições, mas sua aplicação depende da interpretação de juízes.

Para a defesa do deputado, ele não poderá ser enquadrado nessa lei porque sua condenação não apontou enriquecimento ilícito nem dolo --quando há intenção de causar danos--, dois requisitos da lei. Mas essa também é uma questão que depende da interpretação dos juízes.

"Os advogados já disseram, você, para estar dentro da [lei da] Ficha Limpa, precisa ter dolo ou enriquecimento ilícito. Vocês cobrem mal [...] Agora, eu sei que a Folha gosta de vender jornal, precisa da circulação, e o Maluf na capa vende, quem sabe, mil exemplares a mais na banca. Eu um dia vou pedir um compartilhamento nesse aumento de circulação", ironizou o deputado.

Questionado se mantém sua candidatura, Maluf disse que seu partido quer que ele encabece a chapa de deputados federais em 2014 e citou a "Canção do Tamoio", do poeta maranhense Antônio Gonçalves dias. "A vida é um combate que os fracos abate, e os fortes e os bravos só pode exaltar".


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