Folha de S. Paulo


Dilma nega DNA tucano do Bolsa Família em celebração pelos dez anos do programa

A presidente Dilma Rousseff fez um ataque velado nesta quarta-feira (30) do DNA tucano do Bolsa Família. Em solenidade para comemorar os dez anos do programa, a petista disse que o programa transformou velhas práticas em "tecnologia social" de inclusão.

"[O Bolsa Família] Não mudou só a política mas a forma de fazer a política para fazermos transferência de renda direta, bem na veia dos mais pobres. Primeiro unificamos todas as políticas de Estado e varremos as políticas clientelistas centenárias", disse.

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A crítica vai contra reivindicação do PSDB, partido do antecessor do ex-presidente Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que diz que o embrião do Bolsa Família foi gerado durante seu mandato.

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"Ao contrário do que ocorria durante muitos anos nesse país, a transferência direta de renda por meio de um cartão magnético pessoal e intransferível serviu para romper com a longa tradição de programas assistencialistas, de baixa efetividade, e que tinham vigência próximo das eleições", afirmou a presidente.

Dilma disse que "somente quando se cria relações de subordinação" é possível "imiscuir-se" em críticas contra a liberdade de o beneficiário usar o valor da remuneração do programa para comprar, além de comida, qualquer outro bem que quiser.

"Por trás de algumas críticas, há o velho preconceito clientelista. E é justamente por isso que não é esmola: é uma transferência de renda, de cidadãos que pagamos impostos, para aquela parte da população."

DEZ ANOS DO BOLSA FAMÍLIA

O evento celebra os dez anos do programa Bolsa Família, carro-chefe dos governos petistas. Celebrado como o "catalisador da inclusão" ao longo da década, ressurge como uma das vitrines do governo Dilma para 2014. Uma de suas promessas de campanha era, por meio do programa Brasil sem Miséria, acoplado ao Bolsa Família, a erradicação da pobreza extrema no país.

Nesta quarta, o evento, realizado no Museu da República, em Brasília, reuniu a maior parte dos ministros do governo, ex-ministros, além de governadores, deputados e senadores.

Dilma discursou ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado pelo Planalto com convidado de honra. Ele, durante sua fala, exaltou a eficiência do Bolsa Família, mas atacou sobretudo críticos, entre eles jornalistas e políticos da oposição, que decretaram, nas palavras dele, que o programa "estimula a preguiça" e é uma "simples esmola".

"Há uma coisa fantástica que a Tereza [Campello, ministra do Desenvolvimento Social] me chamava atenção dia desses. Um erro de cadastro em 14 milhões de famílias é tratado por alguns hipócritas como se fosse corrupção, como se fosse fraude, sem o menor respeito", disse ainda sobre recente problema de pagamento das mensalidades do projeto.

Segundo Dilma, "ninguém que governou de costas para o povo tem legitimidade para atacar o combate à desigualdade que nós fizemos. Muitos dizem que eles se conduzem assim porque não entendem nem a vida dos pobres e também porque nunca quiseram enxergar a pobreza".

Editoria de Arte/Folhapress

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