Folha de S. Paulo


Maioria das agressões contra imprensa partiu da polícia, diz associação

A maioria das agressões feitas contra a imprensa desde junho deste ano, quando começou a onda de manifestações pelo país, partiu da polícia, segundo levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

A instituição contabilizou 102 casos de agressão a repórteres e fotógrafos de junho até hoje em todo o Brasil. Segundo o diretor da Abraji Guilherme Alpendre, a maior parte dos ataques (77) foram feitos pela polícia. Em 25 dos casos a violência partiu de manifestantes.

Minha história: Após perder olho, fotógrafo tenta se adaptar à nova realidade

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (28), em coletiva feita antes de manifestação para protestar contra agressões à imprensa. O ato, realizado na praça Roosevelt (centro de São Paulo), foi organizado por entidades de jornalistas e contou com a presença de cerca de 40 profissionais.

Dois dos casos de violência contra a imprensa foram revelados durante a coletiva e se referem aos ataques contra os fotógrafos Gabriela Biló, da agência Futurapress, e Mauro Donato, do site Diário do Centro do Mundo. Eles dizem que foram agredidos pela polícia durante a cobertura do protesto contra o leilão do campo de Libra do pré-sal, na semana passada.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Guto Camargo, reconheceu que a ameaça não parte apenas de policiais, mas evitou fazer críticas à violência dos manifestantes contra a imprensa. "Se a maioria das agressões parte da polícia, nós temos que nos proteger primeiro da polícia."

"Desde a ditadura não acontecem tantos atos contra jornalistas. A agressão pelo Estado não pode ser tolerada porque é obrigação dele proteger o trabalho do jornalista", completou.

Também presentes no evento, Adriano Lima, profissional ferido em manifestação na semana passada, e Esdras Martins, secretário da Arfoc (Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo), defenderam uma melhor identificação dos membros da imprensa durante protestos e a realização de treinamentos para jornalistas e policiais. Lima já participou de uma reunião com o comando da PM paulista para discutir essas questões. O próximo encontro está marcado para o dia 5 de novembro.

O grupo pretendia marchar da praça Roosevelt até a Secretaria de Segurança Pública do Estado, também no centro da capital paulista, para entregar um documento em protesto às agressões policiais contra a imprensa. Contudo, os manifestantes desistiram ao descobrir que não haveria servidores no local por causa do feriado do Dia do Funcionário Público.

OUTRO LADO

Procurada, a PM de São Paulo disse que investiga todos os casos denunciados com a participação do Ministério Público.

Reprodução/Facebook/Sindicato Jornalistas São Paulo
Jornalistas em coletiva de feita antes de protesto contra violência à imprensa realizado nesta segunda (28) no centro de São Paulo
Jornalistas em coletiva de feita antes de protesto contra violência à imprensa realizado nesta segunda (28) no centro de São Paulo

Endereço da página:

Links no texto: