Folha de S. Paulo


Ao lado de Alckmin, Dilma critica antecessores do PT por falta de investimento em metrô

Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), a presidente Dilma Rousseff criticou nesta sexta-feira (25) os governos federais que antecederam o PT pela falta de investimentos em transporte público e apontou a existência de um "deficit histórico" no setor.

"Nos anos de 1980 e 1990 era considerado inadequado fazer metrô, dado o custo elevado de investimento. Essa inadequação estava ligada também ao fato de o Brasil passar por um momento muito difícil, que durou muito tempo", afirmou Dilma durante anúncio de verba federal para mobilidade urbana em São Paulo.

"A gente tinha de pedir autorização ao FMI [para investir]. Por isso foi tão bom, não é governador, a gente ter pagado a dívida com o FMI [Fundo Monetário Internacional], que não supervisiona mais as nossas contas", disse a presidente. No período mencionado por Dilma, o país foi governado, entre outros, pelo tucano Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002).

Em seu discurso, Alckmin cobrou investimentos da União para a expansão da malha metroferroviária do Estado. "Os grandes metrôs do mundo, todos eles tiveram recursos do governo federal", afirmou.

VIAGENS

Dilma relembrou em seu discurso os cinco pactos --entre eles o da mobilidade, que previa investimentos de R$ 50 bilhões-- que lançou após as manifestações que tomaram o país em junho. Anunciou que pretende rodar o país para anunciar os recursos prometidos.

"Lancei a segunda etapa dos R$ 50 bilhões em Porto Alegre, Salvador, no Rio. Terça fazemos Curitiba e, até o final do ano, todas as principais capitais", afirmou.

Ela também defendeu a aplicação de recursos federais em grandes obras estaduais e municipais. "Sem esse tipo de financiamento --que pode ter críticas por aí-- não sai obra de longo prazo no Brasil."

Roberto Stuckert Filho/PR
Ao lado do governador tucano Geraldo Alckmin (àdir.), Dilma anuncia investimentos para mobilidade urbana em São Paulo
Ao lado do governador tucano Geraldo Alckmin (àdir.), Dilma anuncia investimentos para mobilidade urbana em São Paulo

A presidente também voltou a atacar as críticas à participação de empresas chinesas no consórcio que venceu o leilão do campo de Libra do pré-sal. "É de extrema tolice considerar ter preconceito contra empresa chinesa. Toda xenofobia é burra, não tem xenofobia inteligente."

Dilma também rebateu críticas de possíveis adversários na campanha eleitoral de 2014, como Aécio Neves (PSDB) e a dupla Marina Silva e Eduardo Campos (PSB), que têm apontado ameaças à perda da estabilidade econômica.

"A estabilidade fiscal e o controle da inflação nós viemos sistematicamente, desde o início do governo, garantindo", afirmou. Para ela, a política econômica é o que assegura o cumprimento de outros pactos estabelecidos --além da mobilidade, Dilma falou em junho sobre saúde, educação e necessidade de uma reforma política.

A presidente também criticou a existência de entraves ambientais para a realização de grandes obras no país.

"Não estou querendo que tenha flexibilidade na fiscalização, estou quereno é que não tenha absurdos. É fundamental que o Brasil trate seus investimentos com seriedade, exigindo critérios. Mas é verdade que não se pode aceitar que certas coisas sejam obstáculos. Nós viemos aqui para resolver", afirmou.

INVESTIMENTO

Nesta sexta, Dilma e Alckmin anunciaram R$ 5,4 bilhões em recursos do governo federal para a expansão da linha 2-verde do metrô, no trecho Vila Prudente-Vila Formosa, expansão da linha 9-Esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), do Grajaú até o Jardim Varginha, a implantação da linha 13-Jade até o aeroporto de Guarulhos e a reforma de 19 estações da CPTM.

Do total, R$ 4,1 bilhões são em financiamento --parte dele do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)-- e R$ 1,3 bilhão do Orçamento da União. Os recursos fazem parte do pacote de mobilidade anunciado pelo governo federal após os protestos que tomaram o país em junho.

"Os movimentos de junho não foram apenas pelos 20 centavos. Foram por mais direitos. Por isso, respondemos com a proposta dos cinco pactos. Um deles é da Mobilidade Urbana", escreveu Dilma no Twitter, antes do anúncio.

À época, o governador Alckmin anunciou que pediria recursos para três projetos: construção de um trecho do corredor de ônibus noroeste da região metropolitana de Campinas, com um custo de R$ 380 milhões, reforma de 30 estações da CPTM --obras de R$ 1,2 bilhão-- e a extensão da linha 5-Lilás do metrô, com um custo estimado em R$ 2 bilhões.


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