Folha de S. Paulo


'Improvável não é impossível', afirma Serra sobre candidatura

Em movimentações pelo posto de candidato do PSDB à Presidência da República em 2014, o ex-governador de São Paulo José Serra afirmou nesta quinta-feira (24) que na política "há espaço para improvável", em referência à aliança entre o governador pernambucano Eduardo Campos e a ex-ministra Marina Silva, ambos do PSB.

A declaração citava a união entre os pessebistas, mas remete à situação do próprio Serra, que ainda tenta se viabilizar como candidato no PSDB, a despeito da maior inclinação do partido pelo senador Aécio Neves (MG), que preside a sigla.

"Já dizia Machado de Assis que o 'inesperado é um Deus avulso que se senta com assento na assembleia dos acontecimentos'. Só que não somos Deus. Mas o improvável acontece. Às vezes o improvável não é impossível", afirmou o ex-governador em entrevista em Salvador.

Serra criticou a antecipação da campanha presidencial que, segundo ele, foi iniciada por movimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E afirmou que há "várias possibilidades" para escolha do candidato do PSDB ao Planalto. "Vamos trabalhar para uma definição até lá [março]. Ninguém ainda se inscreveu como candidato, há várias possibilidades."

Questionado sobre resultado de pesquisa Ibope sobre intenção de votos para a Presidência, divulgada nesta quinta-feira e que o coloca à frente de Aécio, Serra preferiu não se pronunciar.

LIBRA

Serra criticou a atitude da presidente Dilma Rousseff durante o processo de leilão do campo de Libra, primeiro do pré-sal a ser concedido sob regime de partilha. Afirmou que o PT evita usar a expressão privatização para "posar de esquerda". "Mas é só pose. É uma espécie de bolchevismo sem utopia", afirmou.

Disse ainda que a presidente apresenta números errados ao estimar os ganhos com o campo de Libra. "A presidente diz que o governo se apropriaria de 85% da receita do campo. O número está errado, fiz os cálculos. Na melhor da hipótese este ganho chegará a 75%", disse.

Segundo ele, os cálculos não levam em conta questões como o preço futuro do petróleo e as dívidas da Petrobras --que deterá o controle de 40% do campo de Libra. "A Petrobras vai ter que arrumar dinheiro e isso vai custar muito, já que ela está numa situação de semi-insolvência."

José Serra foi a Salvador para participar de palestra sobre "desenvolvimento brasileiro e seus principais problemas" a convite da Associação Baiana de Supermercados. A entidade tem como dirigente o empresário e pré-candidato do PSDB ao governo da Bahia João Gualberto. À tarde, reuniu-se com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).


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