Folha de S. Paulo


Dilma prepara plano para agricultura 'verde'; tema é bandeira do partido de Marina

A presidente Dilma Rousseff planeja desengavetar nos próximos dias programa de sustentabilidade que atinge em cheio área de militância histórica da ex-senadora Marina Silva (PSB-AC).

Dilma deve se reunir hoje com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) para fechar os últimos pontos do anúncio, que deve ocorrer amanhã, no Palácio do Planalto.

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Criado por meio de decreto no ano passado, o Programa Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica está pronto desde junho passado e, mesmo sob pressão de entidades do setor, não havia sido formalmente lançado.

Após reuniões com o segmento, a promessa do governo era que o programa fosse anunciado no mês passado, quando o Planalto ainda não tinha definido todos os recursos para a área. Trata-se de crédito e recursos para produção, pesquisa e comercialização de alimentos orgânicos.

A ideia é também estimular o uso e a conservação de recursos naturais, adotando práticas que promovam a "soberania alimentar", a "valorização da agrobiodiversidade", sempre com ações "sustentáveis". A Rede Sustentabilidade, sigla idealizada por Marina Silva defende, em outras palavras, práticas semelhantes.

Jorge Araújo-14.out.13/Folhapress
A presidente Dilma durante solenidade cd inauguração de fábrica em Itajubá (MG)
A presidente Dilma durante solenidade de inauguração de fábrica em Itajubá (MG)

O partido defende a "democratização do acesso à terra e uma política agropecuária que recupere a função estratégica do setor para a segurança alimentar, melhoria da qualidade de vida da população e preservação dos nossos biomas".

Carvalho, diretamente envolvido na elaboração da proposta e principal interlocutor do Planalto com entidades de agricultura familiar, disse que ainda não tinha fechado todos os detalhes com a presidente, inclusive os valores. O governo estimava investir R$ 8,8 bilhões em três anos.

ECONOMIA

Ontem, Dilma e Marina divergiram sobre os rumos da economia. Em Itajubá (MG), a presidente disse que a inflação de 2013 deve fechar na meta pelo décimo ano seguido. "Nosso compromisso com o rigor fiscal não se alterou, como mostra o fato de termos transitado pela mais grave crise da história desde 1929 com as nossas metas de endividamento sobre rígido controle", afirmou.

No Recife, Marina criticou o que chamou de "políticas dúbias" de bancos de fomento que beneficiam "meia dúzia" de empresários.

"A gente começou a ver o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] sendo utilizado de forma inadequada para eleger alguns ungidos que recebem dinheiro. Só o Eike Batista foram mais de R$ 9 bilhões, que foram praticamente jogados na lata do lixo."

(TAI NALON, RANIER BRAGON, DIÓGENES CAMPANHA e DANIEL CARVALHO)


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