Folha de S. Paulo


'Difícil é quem acha que não tem mais o que aprender', diz Marina sobre Dilma

A presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva subiram o tom da campanha hoje e trocaram farpas durante todo o dia.

Marina rebateu a afirmação da presidente Dilma que, nesta segunda-feira (14), "aconselhou" seus eventuais adversários a "estudar muito".

"Ela deu um conselho de professora", disse Marina em entrevista no Recife.

Mais cedo, em entrevista a rádios de Itajubá (MG), Dilma disse que "para as pessoas que querem concorrer ao cargo [Presidência da República], elas têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil e apresentar propostas. Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando".

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"Eu acho que ela dá um conselho muito bom porque aprender é sempre uma coisa muito boa. Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar", disse Marina.

Horas antes da declaração, Marina já havia criticado Dilma ao dizer que o "retrocesso" é a marca do governo da presidente.

Ao defender uma aliança de cunho programático com Campos, Marina Silva afirmou ter dito ao governador de Pernambuco que é melhor "perder ganhando" do que "ganhar perdendo".

"É preferível a gente perder ganhando do que ganhar perdendo. Porque quando a gente perde ganhando, a gente sai maior do que a gente entrou. Quando a gente ganha perdendo, você vai para o governo, mas não consegue fazer aquilo que gostaria de fazer porque é sequestrado por essa velha política", disse na entrevista no Recife.

"Sobre os ombros de Eduardo há uma responsabilidade muito grande", afirmou a ex-senadora, insinuando que Campos deverá encabeçar a eventual candidatura presidencial do PSB.

Durante a entrevista, Marina foi questionada diversas vezes sobre contradições entre o discurso de Eduardo Campos contra a "velha política" e práticas que contrariam essa filosofia.

Ela disse sentir em Campos a "disposição" para "ressignificar" as alianças do PSB.

"Sinto que há uma disposição muito grande de Eduardo, sendo uma liderança jovem, de aproveitar essa oportunidade para um passo rumo a uma nova política e estou torcendo para que esse passo seja dado", afirmou.

A ex-senadora disse que a candidatura de Campos, assim como as da presidente Dilma Rousseff e do senador Aécio Neves (PSDB), vinham sendo conduzidas pelo "velho diapasão".

"Agora, diante desse fato novo [aliança com Marina], Eduardo se sente fortalecido para, numa outra circunstância, buscar um novo caminho, pelo menos uma nova maneira de caminhar", disse.

Marina disse também ver em outros partidos reflexos da "nova política" que defende. Citou como exemplo informação veiculada nesta segunda-feira pelo jornal "Estado de S. Paulo" sobre possível intenção do PT de se afastar, no Maranhão, do grupo político da governadora Roseana Sarney (PMDB) e do senador José Sarney (PMDB-AP).

"Mesmo a gente tendo começado há dez dias, isso já está frutificando um espírito de buscar a nova política", afirmou.

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Marina voltou a defender a manutenção dos pilares da atual política econômica, mas criticou o que chamou de "políticas dúbias" de bancos de fomento que beneficiam "meia dúzia" de empresários.

"A gente começou a ver o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] sendo utilizado de forma inadequada para eleger alguns ungidos que recebem dinheiro do BNDES. Só o Eike Batista foram mais de R$ 9 bilhões, que foram praticamente jogados na lata do lixo."

Editoria de arte/Folhapress
Datafolha 12-10-2013

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