Folha de S. Paulo


Campos tenta desfazer crise com ruralistas após aliança com Marina

Com objetivo de aparar a primeira aresta criada após a aliança com Marina Silva, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) procurou representantes do agronegócio para explicar o "efeito Caiado" e sua união política com a ex-ministra do Meio Ambiente.

Segundo a Folha apurou, Campos buscou mostrar que sua aproximação com os "sonháticos" não o transforma em adversário do agronegócio, um dos vetores do crescimento da economia este ano.

Para desfazer o mal-estar, ele disparou telefonemas a ruralistas influentes para reafirmar compromissos com o setor. Conversou com presidentes de associações, parlamentares e ex-ministros da Agricultura, entre eles Roberto Rodrigues e Francisco Turra.

O esforço indica que o desgaste com o episódio foi assimilado pela cúpula socialista após Marina exigir que o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), "inimigo histórico" de seu grupo, deixasse o time de apoiadores do PSB.

Um dos mais ativos integrantes da bancada ruralista no Congresso, ele foi um dos primeiros a declarar apoio à candidatura Eduardo Campos, mas acabou "demitido" da condição de aliado e cabo eleitoral após o ingresso da ex-senadora no PSB.

Preterido, disse que sua exclusão significava veto ao agronegócio. Ontem, cinco entidades nacionais divulgaram notas em defesa do congressista.

A Sociedade Rural Brasileira afirmou "não entender a intolerância e hostilidade da ex-ministra com os produtores rurais e seus representantes políticos". A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu chamou a ex-senadora de "injusta" com as causas defendidas pelo setor.

Já a Associação Brasileira dos Produtores de Soja sustentou que a declaração de Marina Silva denota visão míope e atrasada da realidade do campo, e a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil declarou que "entristecem declarações sem motivos contra o agronegócio".

ESTADOS

Anteontem, Marina e Eduardo almoçaram juntos para combinar o jogo após alguns ruídos.

Marina fez queixas a declarações de aliados de Campos enfatizando que o nome na urna eletrônica em 2014 será o dele, não o dela. A frase veio de socialistas incomodados o fato de a ex-senadora, em entrevista à Folha, ter colocado sua candidatura presidencial como "possibilidade".

Os dois haviam combinado de somente tratar desse assunto mais adiante, para evitar que uma discussão agora sobre a chapa não só desmobilize apoiadores de Marina como também enfraqueça o discurso de que a dupla irá, primeiro, discutir ideias e, depois, a posição dos jogadores.


Endereço da página: