Uma das principais integrantes da bancada ruralista, a senadora Kátia Abreu (TO) se filiou nesta quinta-feira (3) ao PMDB. Ela deixa o PSD, no qual ingressou em 2011, quando o partido foi fundado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (São Paulo).
Presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), a senadora migra de sigla com o aval da cúpula do PMDB, mas é alvo de críticas das lideranças estaduais peemedebistas --contrárias ao seu ingresso no partido.
Segundo o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (TO), Kátia Abreu embarca na sigla após um acerto para disputar reeleição ao Senado. "As questões locais acabaram evoluindo nas últimas horas e a filiação ocorre com um entendimento de que ela vai se candidatar ao Senado", disse.
Presidente do PMDB de Tocantins, o deputado Júnior Coimbra afirmou à Folha que a senadora negociou sua filiação diretamente com a cúpula do partido, especialmente com o vice-presidente Michel Temer, sem ter o apoio da base peemedebista no Estado.
"Ela é muito truculenta, ruim de relacionamento. Não procurou a instância partidária para negociar. Ela vem com o apoio da cúpula, mas sem apoio da maioria da base", afirmou o congressista.
Procurada pela Folha, Kátia Abreu ainda não se manifestou sobre a troca de partido. A senadora deve dar uma entrevista em Palmas (TO), no final da tarde de hoje, para comentar a mudança.
Além de Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também participou da costura para a filiação. "É um reforço importante para os quadros do partido", afirmou Raupp.
Líderes peemedebistas dizem que a senadora tentava ingressar no partido para disputar ao governo, mas já há um acerto com a candidatura do ex-governador Marcelo Miranda.
No PSD, por divergências locais, a senadora estava sob ameaça de ter sua candidatura à reeleição ao Senado, em 2014, comprometida. Recentemente, Kátia Abreu rompeu com o ex-correligionário e vice-governador João Oliveira --que se aliou ao governador Siqueira Campos (PSDB).
Segundo interlocutores, Kátia Abreu saiu do PSD sem indisposição com Kassab, motivada por interesses locais. Por esse motivo, a cúpula do seu ex-partido não deve ingressar na Justiça para pedir de volta o seu mandato.
No acerto com Kassab, o filho da senadora, deputado Irajá Abreu (PSD), deve assumir o comando do PSD no Estado.