Folha de S. Paulo


Professores bloqueiam entrada da Câmara do Rio e PM usa spray de pimenta

Professores da rede municipal de ensino do Rio bloqueiam nesta segunda-feira (30) a entrada da Câmara Municipal, no centro da capital fluminense.

Mais cedo, a Polícia Militar fechou os acessos da rua Alcindo Guanabara, na lateral da Câmara, onde os professores estão acampados desde a madrugada de ontem (29). Cerca de 160 policiais, segundo a PM, participam da operação.

Os professores protestam contra o plano de cargos e salários da categoria proposta pela prefeitura. Eles querem impedir a votação, que está na pauta da Casa. Já ocorreram pelo menos três desentendimentos. Em um deles, um policial usou spray de pimenta, atingindo inclusive vários outros policiais.

Entre os educadores há pessoas das mais variadas faixas etárias, de jovens a senhoras de idade. Pessoas que acompanham o ato têm a impressão de que é questão de tempo até a situação sair do controle de vez.

Às 17h, os professores começaram uma passeata em repúdio à conduta da PM na retirada à força dos professores que ocupavam a Câmara, na noite de sábado (26).

O protesto foi convocado pelas páginas Anonymous Rio e "black bloc" RJ. Além disso, um segundo grupo de professores, que fazia um pequeno protesto em frente à Prefeitura do Rio, está se encaminhando para o local. Não há até o momento registro de detidos ou feridos.

Fabio Teixeira/UOL
Professores da rede municipal de ensino bloqueiam entrada de policiais e funcionários na Câmara do Rio
Professores da rede municipal de ensino bloqueiam entrada de policiais e funcionários na Câmara do Rio

CABRAL

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), criticou no domingo (29) a ocupação da Câmara Municipal por profissionais da educação.

"Uma coisa é ter a participação da população, algo muito importante. Outra é a ocupação do plenário de um prédio público de uma maneira que não é aquela que deve ser feita por quem quer participar dos debates. A democracia estabelece ritos que devem ser respeitados. Eu, como ex-parlamentar, acho que a participação da população deve se dar sempre, mas dentro daquilo que se chama direitos e deveres. Acho que ocupar o plenário de uma casa legislativa não é a melhor maneira de acompanhar o debate", disse, durante inauguração da Cidade da Polícia, na zona norte do Rio.

Cabral disse que não poderia avaliar a ação da Polícia Militar na desocupação de sábado (26) por não ter visto as imagens. Já o comandante-geral da PM do Rio, coronel Luís Castro Menezes, disse que não houve truculência por parte dos agentes.

"A desocupação do plenário foi feita sem uso de gás de pimenta e balas de borracha. Usamos apenas gás do lado de fora, porque um grupo tentou dificultar a ação. Nós apenas atendemos uma solicitação da presidência da Casa", disse. Os policiais foram ao local após a mesa diretora da Câmara enviar ofício ao comandante-geral da PM pedindo ajuda para desocupar o plenário.

CONFUSÃO

Por volta das 20h15, um grupo de cerca de 40 manifestantes, parte formado adeptos da tática "black bloc", deixou o ato dos professores, na praça Cinelândia, centro do Rio, e marchou pela avenida Rio Branco, a principal do centro da capital fluminense. Na esquina da avenida Rio Branco com a avenida Almirante Barroso, os jovens tentaram impedir o trânsito da via. A polícia atirou três bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes e desbloquear o trânsito.

Na confusão, um manifestante foi detido e um policial passou mal. Ele foi socorrido por colegas e levado para o hospital central da PM. Enquanto isso, professores se mantém concentrados na lateral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro discursando sobre o movimento grevista.


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