Folha de S. Paulo


'Brasil não tem crise e oposição está sem projeto alternativo', diz ex-ministro de Lula

O ex-ministro Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula, afirmou nesta segunda-feira (23) que o Brasil tem desafios e não crise e que a oposição não tem política econômica para apresentar.

"Apresentar o momento atual como momento de crise não faz sentido", diz Dulci em entrevista a Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo.

Segundo o ex-ministro, poucos países no mundo estão crescendo acima de 2%. A China está crescendo menos e a África está crescendo 5% ao ano ou um pouco menos. Os países desenvolvidos ainda estão em recessão e não vão crescer acima de 2%, como por exemplo, Estados Unidos e Itália.

Dulci foi secretário-geral da Presidência da República durante os oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). No primeiro semestre deste ano, o ex-ministro lançou o livro "Um salto para o futuro", pela Fundação Perseu Abramo, no qual faz uma análise das políticas implementadas durante o governo Lula.

Para o ex-ministro, o Brasil estar crescendo menos do que antes, mas continua crescendo. "Se estivéssemos em crise haveria a criação de 127 mil novos empregos este ano?", indaga.

Dulci também destaca que o país tem desafios, mas não está em crise. "O Brasil está entre os países do mundo que não vive uma crise interna. Durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a inflação média foi superior ao período do governo Lula e até de Dilma, cuja inflação média está na faixa de 6%. Há um cuidado do governo Dilma em combater os repiques inflacionários nos setores da economia".

Para o ex-ministro, é pura luta política dizer que o país está em crise. "A oposição tende a fazer prognóstico de inflação desde 2003. Eles ficam vaticinando o fracasso da economia. Como os resultados são bons, a oposição acaba passando do ponto. Eles estão torcendo para que o país fracasse. Houve problema de preço em alguns setores da economia no primeiro semestre, como por exemplo, o preço do tomate, que foi um problema sazonal".

Zanone Fraissat-11.mar.13/Folhapress
Luiz Dulci, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Lula
Luiz Dulci, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Lula

"A oposição brasileira não tem projeto alternativo, infelizmente. É bom para o país quando a oposição tem uma proposta", diz Dulci. E acrescenta:"A oposição não tem uma politica econômica para apresentar. É luta política e eles erram a mão. Eles torcem para dar errado e a população percebe. É uma aposta contra o Brasil e alguns setores da mídia e da economia. Tentaram criar uma crise com a inflação". Para Dulci, o PSDB "era para ser um partido de centro esquerda, mas foi transitando para a direita". "O PSDB assumiu o neoliberalismo ao chegar no governo e acabou se transformando num partido de centro direita", afirma Dulci.

Sobre a onda de manifestações que aconteceram em junho deste ano, Dulci afirma que as reivindicações são frutos das próprias transformações que PT fez. "As pesquisas mostram que, apesar de o PT não ter resolvido todos os problemas, estes dez anos foram muito bons para o país. A população quer mais e, por isso, foi para às ruas em junho. As reivindicações são frutos das próprias transformações que nós fizemos". E, acrescenta, quando chegamos ao governo percebemos que era preciso ampliar a democracia brasileira. A participação está no DNA do PT".

O ex-ministro também afirmou que os meios de comunicação "são usados quase como partidos políticos mas não queremos controlar conteúdos. Por que os movimentos não podem ter canais de TV ou rádio? precisamos ampliar para os excluídos".

LULA

O ex-ministro também destacou a importância que os ex-presidentes têm para fazer reflexão sobre os fatos políticos e econômicos. Ele cita que nos Estados Unidos os ex-presidentes têm participação ativa e que são considerados riquezas do país e que no Brasil "acham que os presidentes devem se aposentar após sair do governo".

"Quando Lula é convidado para falar fora do país, querem que ele fale por que o Brasil deu certo. A importância do Lula ainda é grande em todo o mundo. Um acervo de nosso país", conta Dulci. "Quando Lula colabora com o governo federal, ele faz com a anuência da presidente Dilma".


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