Assim como os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), os paulistanos parecem divididos em relação à possibilidade de reabertura do julgamento do mensalão para 12 dos 25 condenados.
Pesquisa Datafolha realizada ontem mostra que pouco mais da metade dos entrevistados, 55%, é contra o reexame dos casos. Para 37%, o julgamento deveria ser reaberto. Outros 7% não souberam responder.
Análise: Opinião pública reflete efeitos de confusão jurídica e 'condena' STF
O instituto ouviu 719 pessoas, o que resulta numa margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
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O equilíbrio de opiniões desaparece quando o Datafolha pergunta se as pessoas preferem a reabertura do caso ou a prisão imediata dos condenados. De cada 10 entrevistados, 8 querem prisão imediata (confira ao lado).
Hoje à tarde, o ministro Celso de Mello, o mais antigo da corte, deverá dar o voto decisivo sobre a possibilidade de reexame de parte do julgamento. A votação sobre a aceitação dos chamados embargos infringentes está empatada em 5 a 5.
A expectativa é que Mello vote pela aceitação de novas análises de sentenças de 12 condenados. São os réus que, na primeira votação, quando o Supremo tinha outra composição, perderam, mas conseguiram pelo menos quatro votos contrários à condenação por determinados crimes.
Estão nessa situação alguns dos principais personagens do escândalo, como os petistas José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, conhecido como o operador do mensalão.
No caso desses cinco, mesmo que os embargos infringentes acabem aceitos e depois seus advogados tenham sucesso nos recursos, o máximo que eles conseguiriam seria uma redução das penas totais já estipuladas.
Para alguns, o reexame de sentenças poderá resultar também num abrandamento do regime de prisão.
É o caso de Dirceu, que recorreria da pena por formação de quadrilha -ele também foi condenado por corrupção ativa, mas nesse caso por ampla votação (8 a 2), sem hipótese de benefício por embargo infringente.
Se o STF aceitar fazer um novo julgamento e se, posteriormente, o recurso de Dirceu for bem sucedido, o ex-ministro petista trocaria o regime fechado pelo semiaberto, aquele em que o preso passa o dia fora e volta para a cadeia à noite.
Na pesquisa de ontem, o Datafolha também perguntou se, na opinião dos entrevistados, o ministro Celso de Mello deverá votar contra ou a favor de um novo julgamento.
Para 50%, Mello será favorável à nova análise. Pouco mais de um terço (34%) acha que ele será contra. O restante não soube opinar.
CRÍTICA
A pesquisa Datafolha mostra também que a maior parte dos paulistanos tem ressalvas ao desempenho do STF no julgamento do mensalão.
Apenas 21% dos entrevistados classificaram o desempenho do Supremo como ótimo ou bom. Para 29%, o STF é regular. O maior grupo, 41%, julga o trabalho do STF como ruim ou péssimo. Os demais não souberam opinar.
Numa escala de 0 a 10, a nota média que os paulistanos dão para o desempenho da corte no julgamento do mensalão é 4,7. O Supremo ganha nota 10 de 4% dos entrevistados. Mas leva zero de um grupo bem maior, 18%.
Oito anos após o rumoroso escândalo, a pesquisa mostra que 19% dizem estar bem informados sobre o mensalão. Os "mais ou menos" informados somam 52%. Mal informados são 14%. E 15% dizem que não ter conhecimento.