Folha de S. Paulo


Após operação da PF, Ministro do Trabalho discute afastamento de seu número 2

Investigado pela Polícia Federal por suspeita de participação em fraude, o número 2 do Ministério do Trabalho, Paulo Pinto, dificilmente permanece no cargo.

Na avaliação do governo, a permanência dele à frente da secretaria-executiva da pasta é "insustentável" enquanto a polícia apura o esquema de fraude em licitação, superfaturamento de contratos e desvio de recursos públicos.

O ministro Manoel Dias (Trabalho) esteve na tarde desta segunda-feira (9) na Casa Civil para discutir o afastamento do número 2 da pasta e a suspensão dos repasses para as entidades investigadas pela PF. Ainda não está definido se Pinto vai pedir para sair temporariamente do cargo ou se o próprio ministro vai afastá-lo.

O Ministério do Trabalho deve divulgar nota ainda hoje anunciando as medidas. Outros dois funcionários da pasta também devem ser exonerados.

OPERAÇÃO ESOPO

Paulo Pinto é um dos alvos da operação Esopo, deflagrada nesta segunda pela PF para apurar esquema que pode ter movimentado cerca de R$ 400 milhões nos últimos cinco anos, segundo os investigadores.

Em menos de uma semana, é a segunda vez que o Ministério do Trabalho é alvo de operação policial.

Na manhã desta segunda, o secretário-executivo foi prestar depoimento na Superintendência da PF em Brasília dirigindo o próprio carro. Segundo a assessoria do ministério, depois de responder às perguntas da polícia sobre uma entidade suspeita de desviar recursos públicos, Pinto foi trabalhar normalmente normalmente na sede do ministério.

Além de cumprir o mandado de "condução coercitiva" --ocasião em que o depoente é levado pela polícia-- na casa do secretário executivo do MTE, a PF interditou o terceiro andar do ministério e recolheu documentos relacionados à área de qualificação da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, um dos principais braços operacionais da pasta.

Paulo Pinto reassumiu o cargo de número 2 do ministério em abril deste ano. Ele entrou no ministério em 2007 como assessor especial do então ministro Carlos Lupi, de quem é braço direito. Em junho de 2010, foi nomeado secretário-executivo, cargo que ocupou até maio do ano passado, quando o grupo de Lupi, que perdeu o cargo por suspeitas de irregularidades, deixou o comando da pasta.

Nesta segunda, o MTE informou aguardar o retorno do ministro Manoel Dias, que estava em Santa Catarina, para definir se Paulo Pinto será mantido no cargo. A assessoria também não soube informar que repassou à entidade investigada pela PF.

Uma empresa de Simone Vasconcelos --ex-braço direito de Marcos Valério-- é suspeita de fornecer notas fiscais frias para o esquema: o IMDC (Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania) é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip). Foram apreendidos na casa do presidente da instituição, Deivson Vidal, carros, dinheiro, joias e até um helicóptero.

FÁBULAS

Esopo foi um escritor da Grécia antiga a quem é atribuída a autoria de inúmeras fábulas famosas. Entre as histórias estão "A Cigarra e a Formiga" e "A lebre e a tartaruga".


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