Folha de S. Paulo


Investigado pela PF, número 2 do Ministério do Trabalho presta depoimento e vai trabalhar

Suspeito de participação de esquema de desvio de recursos públicos, o "número 2" do Ministério do Trabalho e Emprego prestou depoimento à Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (9) e, em seguida, foi trabalhar normalmente.

Paulo Pinto, secretário-executivo do MTE, foi alvo de um dos 12 mandados de "condução coercitiva" --ocasião em que a polícia busca o depoente-- cumpridos nesta segunda pela PF. Batizada de Esopo, a operação cumpriu também 22 prisões temporárias e apura fraude em licitação e contratos superfaturados em dez Estados. O esquema pode ter movimentado por volta de R$ 400 milhões em cinco anos, estimam os policiais.

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É a segunda vez em menos de uma semana que o MTE é alvo de operação da PF. Dessa vez, uma das suspeitas que pesam contra o ministério é a retirada do nome de inadimplentes do cadastro de devedores para continuarem recebendo recursos públicos.

Segundo a assessoria do órgão, na manhã desta segunda, a PF recolheu apenas documentos relacionados à área de qualificação da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego --um dos principais braços operacionais da pasta.

Informou ainda que o secretário-executivo do ministério, Paulo Pinto, foi abordado pela PF em casa, em Brasília. Ele foi notificado da existência de um mandado de "condução coercitiva" contra ele. Foi, então, dirigindo o próprio carro à Superintendência da PF em Brasília, onde prestou depoimento sobre a Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que teria sido usada para desviar os recursos públicos.

Depois de prestar esclarecimentos à polícia, segundo a assessoria do ministério, Paulo Pinto foi liberado e despachou normalmente na sede do MTE, na capital federal.

Ele reassumiu o cargo de número 2 do ministério em abril deste ano. Paulo Pinto entrou no ministério em 2007 como assessor especial do então ministro Carlos Lupi, de quem é braço direito. Em junho de 2010, foi nomeado secretário-executivo, cargo que ocupou até maio do ano passado, quando o grupo de Lupi, que perdeu o cargo por suspeitas de irregularidades, deixou o comando da pasta.

Nesta segunda, o MTE informou aguardar o retorno do ministro Manoel Dias, que estava em Santa Catarina, para definir se Paulo Pinto será mantido no cargo. A assessoria também não soube informar que repassou à entidade investigada pela PF.

101 MANDATOS

Dos 25 mandados de prisão temporária, 22 foram cumpridos na manhã desta segunda-feira. Das 12 "conduções coercitivas" para depoimento, 11 foram efetivadas, incluindo a de Paulo Pinto. A Justiça expediu 44 mandados de busca e apreensão e 20 de sequestro de valores e bens. Ao todo foram 101 mandados.

A Justiça autorizou ações no Ministério do Trabalho em Brasília, na sede do governo estadual em Belo Horizonte e em várias prefeituras no interior de Minas Gerais.

Uma empresa de Simone Vasconcelos --ex-braço direito de Marcos Valério-- é suspeita de fornecer notas fiscais frias para o esquema: o IMDC (Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania) é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip). Foram apreendidos na casa do presidente da instituição, Deivson Vidal, carros, dinheiro, joias e até um helicóptero.

FÁBULAS

Esopo foi um escritor da Grécia antiga a quem é atribuída a autoria de inúmeras fábulas famosas. Entre as histórias estão "A Cigarra e a Formiga" e "A lebre e a tartaruga".


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