Folha de S. Paulo


De saída do cargo, Cabral vê mega-aliança se reduzir no Rio

Eleito com uma megacoligação de 16 partidos, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), planeja sua renúncia tentando manter os principais aliados.

Ele sairá do cargo no início de 2014 para dar visibilidade ao vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), seu candidato à sucessão.

O planejamento para a saída de Cabral convive com a ameaça de saída de ao menos três siglas que pretendem lançar candidatura própria: PT, PDT e PSB.

Cabral vai deixar o governo entre janeiro e abril, data limite para desincompatibilização caso queira candidatar-se no mesmo ano. O PMDB ainda avalia se o governador tentará uma vaga ao Senado.

A data de saída de Cabral será definida quando ele tiver conseguido recuperar parte da aprovação de seu governo. Ele teve o índice mais baixo entre 11 governadores, segundo o Ibope, após a série de manifestações.

Além de dar visibilidade a Pezão, a saída de Cabral também tem o objetivo de acostumar o eleitor à imagem do vice como titular do cargo. Com jeito simples, ele vem se submetendo, nos últimos meses, a especialistas para melhorar sua dicção, expressão corporal, postura e vestuário.

MENOS ALIADOS

Ao assumir, Pezão pode contar com menos aliados. O PT estadual quer lançar a candidatura do senador Lindbergh Farias e discute entregar as duas secretarias que comanda até o fim do ano.

A direção nacional petista, porém, quer manter a aliança por mais tempo, a fim de diminuir a interferência nas negociações para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Dois encontros que discutiriam o desembarque do governo já foram adiados por pressão de Rui Falcão.

O PDT também discute a saída. O deputado Milton Teixeira e o prefeito de São João de Meriti, Sandro Mattos, são pré-candidatos pelo partido. Mas uma ala defende a manutenção da aliança.

A discussão sobre eventual saída do PDT deve ocorrer no ano que vem. A sigla também controla duas secretarias.

Outro partido que analisa a possibilidade de sair do governo estadual é o PSB. Nesse caso, porém, por pressão da direção nacional, interessada em criar um palanque forte no Rio -e desvinculado de Cabral- para o presidenciável Eduardo Campos.

O diretório estadual defende a manutenção da aliança. O presidente do PSB-RJ e prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, tem encontro marcado com Campos na próxima terça-feira para debater o tema.

O PRB também quer lançar a candidatura do ministro Marcelo Crivella.

A saída dos partidos preocupa alguns auxiliares do governador. Temem que ela seja vinculada pela população à ascensão de Pezão ao cargo, passando imagem de falta de apoio político.
Alguns defendem que o futuro governador reduza o número de secretarias para reverter o desembarque dos aliados. A medida poderia ser vinculada a enxugamento de gastos, numa primeira ação de Pezão à frente do Estado.

No início do ano, no entanto, Cabral criou três secretarias para tentar ampliar a participação de aliados no Estado. Elas foram entregues ao PDT, PTB e PSC.


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