Folha de S. Paulo


Prévias para presidente foram usadas só 3 vezes desde redemocratização

Os partidos brasileiros não costumam usar prévias na escolha de seus candidatos à Presidência. Desde a redemocratização do país, em 1985, esse instrumento foi utilizado em três ocasiões.

O assunto voltou a ser destaque depois que os presidenciáveis do PSDB José Serra e Aécio Neves passaram a discutir a realização de uma consulta interna para definir quem será o candidato tucano à Presidência da República na eleição do ano que vem. Normalmente, a realização de prévias acontece quando um partido está dividido.

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Em 1989, desgastado pela sua participação no governo José Sarney, o PFL decidiu realizar prévias para definir seu candidato ao Planalto. Três candidatos se inscreveram: Aureliano Chaves (MG), ex-ministro de Minas e Energia; Marco Maciel (PE), senador e ex-ministro da Educação; e Sandra Cavalcanti, deputada federal.

Aureliano venceu as prévias em 21 de maio com mais de cem mil votos -cerca de 70% do total. Mas, como não decolou nas pesquisas de intenção de voto, foi rapidamente abandonado pela maioria dos correligionários, que passaram a apoiar Fernando Collor (PRN). Aurelino terminou a eleição em 9º lugar, com apenas 600.821 votos (0,8% dos válidos). Depois disso, o PFL nunca mais lançou um candidato à Presidência.

O segundo partido a usar prévias foi o PMDB, em 1994. Na época, o ex-governador Orestes Quércia tinha o apoio da maioria dos convencionais, mas diversos líderes regionais da legenda duvidavam de suas chances de vitória e tentavam articular a candidatura de Antônio Britto (RS), um nome mais próximo do então presidente Itamar Franco. Britto, porém, se recusou a enfrentar Quércia e preferiu concorrer ao governo gaúcho.

Três candidatos se inscreveram nas prévias: Quércia, o senador José Sarney (AP) e o ex-governador Roberto Requião (PR). Os quercistas, porém, conseguiram restringir a participação nas prévias apenas aos delegados do partido e políticos eleitos.

Sarney acabou desistindo da disputa em 12 de maio. Quércia venceu com 8.554 votos (79%) votos contra 1.953 (18%) de Requião. Na eleição presidencial, Quércia obteve apenas 2.771.788 votos (4,38% dos válidos), ficando atrás de FHC (54,3%), Lula (27,0%) e Enéas Carneiro, do Prona (7,4%). Depois disso, o PMDB nunca mais lançou um candidato à Presidência.

O terceiro partido a usar prévias foi o PT, em 2002. Lula não queria concorrer, mas o senador Eduardo Suplicy obteve apoio suficiente na cúpula do partido para exigir a realização das prévias. O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que também desejava concorrer, acabou desistindo da disputa.

Na prévia, realizada em 17 de março, Lula venceu com 84,4% dos votos válidos, contra 16,6% de Suplicy. A vitória acabou beneficiando Lula, que ganhou mais exposição na mídia. O petista acabou vencendo a eleição com 61,3% dos votos no segundo turno.

Alan Marques/Folhapress
Os tucanos José Serra e Aécio Neves, que discutem a realização de prévias para definir quem será candidato pela sigla em 2014
Os tucanos José Serra e Aécio Neves, que discutem a realização de prévias para definir quem será candidato pela sigla em 2014

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