Folha de S. Paulo


Serra cobra 'igualdade de condições' para disputar prévias contra Aécio

Um dia depois de o presidenciável tucano Aécio Neves (MG) dizer que aceita realizar prévias para escolher o candidato do partido à Presidência da República, o ex-governador José Serra (SP), seu rival interno na disputa pela indicação, disse nesta quarta-feira (21) que só aceita participar após saber as condições que serão propostas, entre elas, a garantia de "igualdade de condições".

Frisando por mais de uma vez que Aécio falou na condição de candidato e de presidente nacional do PSDB, Serra enumerou o que pretende saber antes de anunciar sua decisão: igualdade de condições na disputa, abrangência da consulta (quem votará na prévia) e prazos para sua realização.

"Ele [Aécio] falou como candidato, mas na condição de presidente do partido, então seria interessante saber quais são as condições dessa prévia, a abrangência, os prazos e as condições de competitividade, que evidentemente deveriam ser iguais para todos", afirmou Serra, que participou de uma reunião para falar sobre saúde (ele foi ministro da área no governo FHC) na liderança do PSDB no Senado.

Presente no Congresso no mesmo momento, Aécio entrou na sala, onde permaneceu por poucos minutos, saindo em seguida sem dar declarações à imprensa. Segundo senadores presentes, os dois se cumprimentaram rapidamente e não falaram sobre prévias. Aécio argumentou que não participaria da reunião porque tinha outros compromissos.

"Uma vez esclarecidos esses pontos [as condições que enumerou], alguns poderão tomar a decisão de participar ou não. Eu próprio, é possível que seja candidato a presidente, de acordo com as regras propostas, então é preciso conhecer essas regras", afirmou Serra, que deu entrevista na saída do encontro.

Ao anunciar que aceita disputar prévias no PSDB, Aécio tinha o objetivo de derrubar uma eventual justificativa de Serra para deixar o PSDB e disputar o Planalto por outra legenda, o que ele vem cogitando há alguns meses. A entrada de Serra na disputa ao Planalto é vista pelos aliados de Aécio como prejudicial às pretensões do senador mineiro.

A colocação de condições pelo ex-governador para participar das prévias é o contra-ataque à essa articulação, Isso porque Serra ganha de novo o poder de argumentar, caso deixe mesmo a legenda, que as condições propostas não permitiram a igualdade de condições na disputa interna.

O ex-governador já concorreu ao Planalto por duas vezes, em 2002 e 2010, tendo perdido nas duas para o PT. Em todas essas disputas, os aliados do ex-governador reclamaram da falta de empenho de Aécio na campanha pelo colega.

Hoje, o senador mineiro controla a máquina partidária e é favorito para ser o nome tucano na urna em 2014. De acordo com a última pesquisa do Datafolha, Serra tem a preferência de 15% do eleitorado em seu melhor cenário. Aécio, 13%.


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