Folha de S. Paulo


PF abre inquérito sobre dirigente da Rede

A Polícia Federal instaurou ontem inquérito para apurar a participação de um dirigente da Rede --partido que Marina Silva tenta criar-- na depredação do Itamaraty no protesto de 20 de junho.

O sociólogo Pedro Piccolo, 27, foi flagrado em fotografias segurando uma barra de ferro e com o rosto coberto com uma camiseta da Rede na porta do prédio atacado durante a mais violenta manifestação da capital federal.

Ele disse que, apesar de estar afastado dos processos de tomada de decisão da Rede, continua participando de atividades como coleta de assinaturas para criar o partido.

No início de agosto, Piccolo pediu afastamento da direção da Executiva Nacional Provisória da Rede, que, na ocasião, divulgou uma nota rechaçando qualquer tipo de violência nos protestos.

Maior beneficiária do abalo que os protestos causaram no mundo político, Marina também reprovou os atos de violência e vandalismo.

Além do inquérito para apurar a participação de Piccolo no quebra-quebra, a PF abriu uma investigação contra João Pedro Franco dos Santos. Os dois serão chamados a prestar depoimento e podem ser indiciados por dano ao patrimônio da União.

Piccolo já havia prestado esclarecimentos à Polícia Civil do Distrito Federal, responsável por identificá-lo.

Ele admitiu que estava na porta do Itamaraty com uma barra de ferro na mão e o rosto coberto por uma camiseta da Rede no dia do protesto que acabou com a destruição da fachada da sede do Ministério das Relações Exteriores. Contudo, o sociólogo nega ter depredado o prédio e protestado em nome da Rede: "Estou tranquilo porque sei que não cometi crime nenhum, só me excedi". Ele afirmou que não foi chamado novamente pela polícia para depor.

A PF já analisou o caso de outros quatro manifestantes. Dois deles foram ouvidos, mas os federais disseram não haver elementos suficientes para indiciá-los pela depredação do Itamaraty.

Filmados e fotografados participando do ataque ao prédio, Samuel Ferreira Souza de Jesus, 19, e Cláudio Roberto Borges de Souza, 32, devem responder a processo por dano ao patrimônio público. Os dois confessaram à Polícia Civil ter participado da quebradeira, mas não foram localizados pela PF, que os indiciou indiretamente.

A Marinha, por sua vez, puniu com prisão o fuzileiro naval que estava entre os manifestantes na hora da tentativa de invasão do Itamaraty.


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