Folha de S. Paulo


Manifestantes invadem o plenário da Câmara dos Deputados

Após realizarem um protesto durante toda a tarde desta terça-feira (20) no Salão Verde da Câmara dos Deputados, um grupo de 500 manifestantes invadiu o plenário da Casa no início da noite. Em meio aos atos, o Congresso concluiu a apreciação dos vetos de Dilma mas, como a votação era secreta e manual, o resultado só será divulgado nesta (21), após apuração das cedulas.

Com gritos de ordem e representando quatro grupos de interesses distintos, pessoas que participam do protesto ocuparam por cerca de meia hora as cadeiras reservadas aos deputados e por três vezes interromperam com vaias e gritos a fala do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que tentava convencê-los a sair.

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"Ei, deputado, vai tratar no SUS", foi um dos coros entoados em direção a Alves, que se irritou e ameaçou retirar da pauta de votação um dos projetos defendidos pelos manifestantes. Muitos dos que protestaram aproveitaram para tirar fotos nas cadeiras dos deputados. Um deles levantou uma bandeira do Fluminense no fundo do plenário.

Sergio Lima/Folhapress
Plenário da Câmara dos Deputados foi invadido por manifestantes
Plenário da Câmara dos Deputados foi invadido por manifestantes

Os manifestantes começaram a chegar ao Congresso pela manhã. Vários entraram em pequenos grupos e, depois, se reuniram no Salão Verde. Por volta das 14h30, um grupo mais numeroso tentou forçar a entrada no acesso conhecido por "chapelaria", onde normalmente entram os deputados e funcionários. Houve confronto, com uso de spray de pimenta pela Polícia Militar do Distrito Federal, que não conseguiu evitar a entrada de parte do grupo.

Segundo a Câmara, nada foi destruído nem houve feridos.

REIVINDICAÇÕES

O tema que mobilizava o maior número de manifestantes era o chamado Ato Médico. Contrários e favoráveis à medida quase entraram em confronto físico, após uma série de provocações de ambos os lados.

Lotando o Salão verde, eles disputavam literalmente no grito o apoio de deputados e senadores, que votaram, em sessão conjunta, os vetos da presidente Dilma Rousseff ao Ato Médico. A presidente vetou um dispositivo que determinava que somente médicos poderiam prescrever medicamentos e fazer diagnósticos. Grupos formados por psicólogos e nutricionistas, entre outros, pressionam pela manutenção do veto.

Na disputa verbal no Salão Verde, o grupo de psicólogos chamava os médicos de "açougueiros", que, por sua vez, revidavam com "charlatões".

Também protestavam na Câmara cerca de 200 bombeiros e policiais militares e civis, que se aliaram informalmente à demanda dos médicos na gritaria generalizada no Salão Verde.

Eles pedem a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 300, que cria um piso salarial nacional para as categorias. A proposta aguarda votação em segundo turno, na Câmara, desde 2009.

Afirmando que, se a PEC não for colocada em votação, as categorias farão paralisação nacional durante a Copa-2014 e próximas eleições, o grupo conseguiu ser recebido pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), que prometeu tentar levar o tema à votação em setembro.

Além deles, havia cerca de 50 papiloscopistas, categoria responsável por algumas das perícias policiais, também apresentavam suas reivindicações. Eles pedem a derrubada do veto da presidente Dilma ao projeto, aprovado no Congresso, que colocava os papiloscopistas na mesma categoria de outros peritos, como os médico-legistas e peritos criminais.

Esse veto, contudo, ainda não está na pauta de votações do Congresso. Ele só deverá ser apreciado em setembro.

Em abril, o plenário da Câmara foi invadido por cerca de 100 índios que protestavam contra o esvaziamento da Funai (Fundação Nacional do Índio). Durante as grandes manifestações de rua de junho, a parte superior do Congresso também chegou a ser ocupada. Na Câmara, dois vidros foram quebrados.


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