Folha de S. Paulo


PT nega instrumentalização e diz que ato pode aumentar pressão por CPI

Líderes petistas negam que a participação de militantes do partido nos atos de hoje seja uma "instrumentalização" dos movimentos e dizem acreditar que os protestos podem pressionar a Assembleia Legislativa a instalar uma CPI para investigar a formação de cartel em licitações de trem e metrô em São Paulo.

Estão previstos para hoje dois protestos contra as suspeitas de irregularidades em contratos do governo paulista em gestões do PSDB.

Grupo quer inibir ação do PT em protestos hoje em São Paulo

Ontem, parte dos organizadores de um dos protestos, no centro da capital, afirmou ter restrições à participação de petistas para evitar que o ato se transforme em antecipação pelo PT da campanha eleitoral contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Para o líder do partido na Assembleia Legislativa, deputado Luiz Claudio Marcolino, a participação de petistas "não é instrumentalizar o movimento, pelo contrário".

"O movimento está fazendo o debate pela mobilidade. A instalação de uma CPI [como quer o partido] contribui para esse debate, porque os recursos investigados poderiam justamente melhorar a mobilidade", afirma

Para o vereador Alfredinho, líder do PT na Câmara Municipal e um dos poucos dirigentes do partido que compareceram ao Dia Nacional de Lutas, em julho, "o PT não quer se aproveitar em momento algum".

"Os militantes do PT e da CUT vão estar nas ruas, mas não com intenções eleitorais, e sim para cobrar investigação", afirma.

"Nós estamos batendo nisso desde 2008, não é um debate recente, é um debate que a gente tem feito há anos, não é uma questão eleitoral", diz Marcolino.

Editoria de Arte/Folhapress

Além do ato no centro de São Paulo, também está marcado uma manifestação na Assembleia Legislativa. Os manifestantes, com apoio do PT, querem pressionar o Parlamento a instalar uma CPI para investigar as suspeitas.

Para Marcolino, "a Assembleia só vai se movimentar com pressão". "Esse apoio pela abertura da CPI é fundamental para que os deputados da base assinem o requerimento."

O PT conseguiu a assinatura de 26 deputados, mas para instalar a comissão são necessárias 32.

Depois disso, o partido ainda precisa aprovar no plenário um requerimento para que a Casa possa ter seis CPIs funcionando simultaneamente. Hoje é permitida a realização de cinco, que já estão instaladas.

Segundo Marcolino, a ideia é que os manifestantes ocupem as galerias do plenário durante a sessão e percorram gabinetes de deputados pressionando pela assinatura do requerimento.

Sindicalistas veem com restrição a proposta petista. "O povo não é besta, a Assembleia é composta majoritariamente pelo governo. Pedir CPI é pedir uma grande pizza", diz Alex Fernandes, diretor do Sindicato dos Metroviários. A entidade, que é filiada a uma central comandada pelo PSTU, é uma das organizadoras do ato no centro.


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