Folha de S. Paulo


Morales critica Justiça por Corinthians, mas defende no caso de senador asilado

O presidente da Bolívia, Evo Morales, fez crítica à atuação da Justiça de seu país neste domingo, em São Paulo, ao sugerir que foi excessiva a prisão de 12 torcedores corintianos acusados de participar na morte de um adolescente boliviano em fevereiro em um jogo entre o Corinthians e o boliviano San José.

Após mais de quatro meses presos, os últimos cinco acusados brasileiros pela morte do boliviano Kevin Espada, 14, foram liberados na sexta-feira. Um primeiro grupo de sete detidos havia sido solto em junho.

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Apesar de repetir que respeita a independência do Poder Judiciário em seu país, Morales disse ter se surpreendido quando soube da prisão do grupo de brasileiros. "O que está acontecendo com a Justiça boliviana? Se tem de acusar, que se acuse. Mas será um, não onze [sic]", disse o presidente boliviano, que veio a São Paulo para participar de um encontro de partidos esquerdistas da região.

Morales elogiou a "solidariedade" do Corinthians, que em julho doou US$ 50 mil (R$ 112,5 mil) à família de Espada.

Zanone Fraissat/Folhapress
O presidente da Bolívia, Evo Morales (centro), em reunião do Foro de SP
O presidente da Bolívia, Evo Morales (centro), em reunião do Foro de SP

SENADOR NA EMBAIXADA

O caso dos corintianos mobilizou o alto governo brasileiro. Em meio ao impasse, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, foi à Bolívia no mês passado tratar do assunto com Morales e com integrantes da Justiça.

Se pode ter ajudado a libertar os brasileiros, a pressão diplomática brasileira parece não ser tão efetiva no caso do senador boliviano Roger Pinto, desde maio de 2012 asilado na Embaixada do Brasil em La Paz.

Opositor de Morales, Pinto, acusado de corrupção na Justiça boliviana, diz estar sendo alvo de perseguição política e recebeu asilo do Brasil. O governo boliviano, porém, não lhe dá salvo-conduto para que deixe a representação brasileira.

Questionado neste domingo se pretendia permitir a saída do senador, Morales sinalizou que não mudou de atitude. "Esse é um tema que está nas mãos da Justiça boliviana, não do governo boliviano. Antes de Jorge Pinto visitar a embaixada brasileira, ele já respondia a muitos processos de corrupção".


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