Folha de S. Paulo


Problemas de organização da Jornada ficaram em segundo plano, diz arcebispo do Rio

Dois dias após o encerramento da Jornada Mundial da Juventude, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, revelou que suas preces foram atendidas, apesar das falhas constatadas na organização do encontro internacional de jovens católicos.

"Tivemos vários momentos difíceis. Não foi possível fazer na base aérea (a instalação militar em Santa Cruz, na zona oeste, inicialmente cotada para a missa do papa). Depois mudou o papa e me perguntavam se Francisco viria ao Brasil. Foram muitas interrogações, mas o resultado final foi melhor do que imaginava", avaliou dom Orani.

Ele ressaltou que os problemas estruturais acabaram em segundo plano diante do êxito espiritual da Jornada.

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"Creio que nós vimos Deus agir, Ele atuou no meio de nós. As coisas aconteceram muito além do que planejamos e sonhamos."
Mesmo com a transferência das celebrações agendadas em Guaratiba (em razão dos estragos causados pela chuva no terreno) para Copacabana, o arcebispo disse que a intervenção da Igreja no lugar surtiu efeito.

"As pessoas passaram a olhar para aquele lado da cidade por causa da Jornada. E isso já é importante", acrescentou.
De acordo com o arcebispo, a arquidiocese do Rio não terá participação no projeto que prevê a criação de um bairro popular no terreno onde seria o campo da fé, local da missa celebrada pelo papa.

"O prefeito me consultou antes de anunciar o projeto. Disse a ele que o uso social daquele espaço era visto como algo muito positivo pela igreja. Mas não temos participação nisso", acrescentou.

Na manhã desta terça-feira (30), o comitê organizador local informou alguns números registrados na Jornada da Juventude no Brasil.

ESTIMATIVA DE PÚBLICO

Chamou atenção o público estimado em Copacabana na missa de encerramento celebrada pelo papa Francisco, no último domingo: 3,7 milhões de pessoas, 500 mil fieis a mais do que o anunciado ontem pela prefeitura do Rio.

De acordo com análise do Datafolha, a contagem acima de 3 milhões foi superestimada. No cálculo do instituto, do Forte Copacabana ao Leme, incluindo as vias de acesso, o espaço seria capaz de abrigar 2,7 milhões de pessoas, considerando-se a concentração máxima de sete pessoas por metro quadrado - equivalente à do metrô lotado.

Como a concentração não chegou aos trechos próximos ao Forte de Copacabana e ao Leme (situado atrás do palco), o Datafolha estimou que o número de pessoas tenha variado entre 1 milhão e 1,2 milhão.

Segundo o comitê organizador, o total de peregrinos inscritos oficialmente na JMJ chegou a 427 mil. Cada um deles pagou entre 100 e 600 reais por pacotes, o chamado kit peregrino, que poderiam incluir transporte, alimentação e hospedagem.
A Igreja já havia informado que os custos da JMJ são pagos, principalmente, com o valor arrecadado com as inscrições oficiais.

Ao ser questionado pela Folha, no entanto, o arcebispo do Rio disse que as cifras envolvidas na JMJ ainda não serão divulgadas: "Uma auditoria vai determinar todos esses custos. Ainda não saberia dizer."


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