Folha de S. Paulo


'Não sou ditador e quero dialogar', diz Cabral

Após quase dois meses de manifestações contra o seu governo que resultaram na queda de sua popularidade, o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) mudou sua conduta nesta segunda-feira (29), em entrevista convocada para anunciar recuo em medidas antipopulares.

O peemedebista desistiu de demolir o parque aquático no entorno do Maracanã e já acena com a possibilidade de o Museu do Índio virar espaço para atividades indígenas.

Disse também que quer dialogar com os manifestantes que vêm ocupando a rua onde mora no Leblon e mandou retirar as grades que cercavam o Palácio Guanabara, sede do governo e palco de embates violentos entre ativistas e policiais.

Daniel Marenco - 17.jul.2013/Folhapress
Protesto na esquina da casa do governador Sergio Cabral, no Leblon, zona sul do Rio
Protesto na esquina da casa do governador Sergio Cabral, no Leblon, zona sul do Rio

Com a voz embargada, o governador fez um apelo aos jovens. "Tenho crianças pequenas, queria fazer um apelo para os manifestantes, estou totalmente aberto ao diálogo, não sou um ditador", disse ao lado do candidato à sua sucessão, o vice governador, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, e o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner.

Ele afirmou que desde a denúncia sobre o uso de helicópteros por ele e sua família para ir para sua casa de veraneio em Mangaratiba, na Costa Verde, só utiliza o transporte para assuntos do trabalho.

Segundo ele, a não utilização dos helicópteros por sua família se manterá pelo menos até a conclusão de protocolo da Casa Civil para normatizar o uso das aeronaves por membros do governo.

"Eu dei uma resposta mal dada sobre isso, dei uma resposta horrível, mas a primeira coisa que eu fiz foi começar a vir de carro".

Cabral disse que o fato de ter sido o deputado mais votado e o governador reeleito com o maior percentual de votos talvez tenha sido a causa de seu comportamento autoritário. "Estava me faltando humildade e autocrítica", reforçou o governador.

INSPIRAÇÃO

Perguntado se a vista do papa Francisco influenciara a mudança de comportamento, voltou a fazer mea-culpa: "Eu estava precisando mesmo de uma dose de humildade, eu errei por não ouvir".

"Aprendi com a vinda do papa, a ouvir os outros lados, estou aberto a ouvir".

Cabral deu resposta a todas as perguntas, sempre olhando para os jornalistas e, ao contrário do que vinha fazendo, esperou as perguntas acabarem antes de ir embora.


Endereço da página: