Folha de S. Paulo


Voluntários lotam Riocentro para se despedirem do papa Francisco

Com lotação limitada a 15 mil pessoas, a cerimônia de encontro do papa Francisco com os voluntários da Jornada Mundial da Juventude transformou o pavilhão 4 do Riocentro numa extensão da festa de hoje em Copacabana.

Localizado na zona oeste do Rio, o principal centro de grandes eventos da cidade esteve lotado de peregrinos durante toda a JMJ. No local, os fiéis participaram de palestras, exposições e shows. O evento de hoje marca também a despedida entre esses jovens, e os nem tão jovens assim, que deixaram o conforto das suas casas para "servir ao senhor" --resposta unânime quando se quer saber por que se inscreveram.

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"Foi um chamado de Deus, me senti uma jovem no meio de tantos jovens", disse Zuleide Lobo, 60 anos, que serviu como ministra da sagrada comunhão". Para ela, falhas na infraestrutura não apagaram o brilho da festa. "Foi a mão divina que impediu a ida para Guaratiba, ou os jovens não iam ter aquela maravilha que é Copacabana".

A falta de banheiros nos eventos na praia e o caos do metrô, no entanto, são algumas reclamações comuns entre todos os voluntários, que no Riocentro voltaram a enfrentar a mesma oferta limitada. Quem não aguentasse esperar tinha que peregrinar quilômetros até os banheiros químicos. E quem saía podia não conseguir voltar, já que os portões fechariam às 16h.

Isadora Guemka, 21, estudante de biologia, já viu os preços da passagem para a Polônia (local da próxima Jornada, como anunciado hoje pelo pontífice), mas espera mais organização. Responsável pela ajuda no metrô, ela disse que a prefeitura falhou por não ter entendido a grandiosidade do evento. "Na segunda (22) deu problema porque a prefeitura não planejou bem. O pessoal do metrô até que era bem legal, mas teve falha sim", afirmou. Ela avaliou que a prefeitura não considerou a missa de abertura um grande evento por não ter a presença do papa. "Isso foi um grande falha".

Ela viu falha também na transferência de Guaratiba para Copacabana. "Podiam ter planejado melhor. Tiveram tempo, mas faltou integração entre a prefeitura e a organização da JMJ. Só funcionaria se elas trabalhassem juntas", disse, marcando a segurança como ponto positivo.

Líder de um grupo de 45 voluntários estrangeiros, Eryck Aguiar, 24, advogado, era só alegria, com o rosto pintado com a bandeira de um dos países que acompanhava. "Eles (os estrangeiros) ficaram maravilhados, nem ligaram para os problemas". Para ele, "foi Deus que impediu a ida para Guaratiba".

Funcionário de uma ONG que presta serviço voluntário para operar pessoas com lábio leporino, Gustavo de Menezes, 32, pediu e conseguiu trabalhar com acessibilidade na jornada. "Acho a melhor maneira de servir, é a doação máxima. Tinham me colocado no cordão de isolamento, pedi para trocar", explicou. Ele lamentou que na missa de hoje os cadeirantes não tenham conseguido acessar o lugar reservado a eles por causa da multidão acima do esperado.

Ele criticou também a falta de banheiros químicos, mas elogiou a infraestrutura para os cegos, que tinham fones discricionais para acompanhar tudo e material em braile. Os surdos tinham telões com linguagem para eles e os cadeirantes, apesar da falha de hoje, estavam muito felizes.

Ele participou da vigília e disse ter chorado todos os dias, nem as manifestações políticas atrapalharam.


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