Folha de S. Paulo


Papa chama fiéis de 'atletas de Cristo' e pede aos jovens que saiam às ruas

O papa Francisco voltou a fazer referências aos protestos em seu discurso de abertura da vigília em Copacabana, na zona sul do Rio, na noite deste sábado (27).

Falando a uma multidão de cerca de 3 milhões de pessoas, o pontífice pediu aos jovens "que sejam protagonistas e saiam às ruas como fez Jesus".

"Vocês são o futuro. Vocês são os protagonistas da mudança. Peço que sejam construtores do futuro. Não sejam covardes. Saiam para a vida", afirmou. Pela manhã, o pontífice já havia citado os protestos violentos ao defender o diálogo como solução.

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O discurso da noite deste sábado teve um grande trecho de improviso e foi carregado de simbolismos e expressões coloquiais, com uma associação entre religião e futebol. Fiéis foram chamados de "atletas de Cristo" e convocados a treinar. Jesus foi comparado à Copa do Mundo, como capaz de oferecer algo muito superior.

"[...] aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. Ora bem, o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor"

O improviso e o uso de expressões coloquiais têm sido uma marca da visita do pontífice pelo Brasil, como parte do esforço para se aproximar dos fiéis em sua primeira viagem internacional desde que assumiu o papado.

Em visita à comunidade de Varginha, na quinta-feira, o líder religioso disse que gostaria de tomar cafezinho e, não cachaça, na casa dos brasileiros, e ainda pediu que botassem "mais água no feijão".

O futebol, referência do discurso desta noite, é tema natural para o papa Francisco, torcedor fanático do clube argentino San Lorenzo.

"Quando o nosso coração é uma terra boa que acolhe a palavra de Deus, quando se 'sua a camisa' procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinho, fazemos parte de uma família de irmãos que percorrem o mesmo caminho".

O pontífice lembrou São Francisco de Assis e falou de uma Igreja inclusiva, que possa "acolher toda a humanidade e não como uma capelinha, onde cabe somente um grupinho de pessoa".

E prosseguiu pedindo devoção à Igreja e ao ativismo religioso. "Sei que vocês querem um terreno bom, não querem ser cristãos pela metade, nem cristãos de fachada, mas sim autênticos", afirmou.

O discurso da vigília é a penúltima cerimônia pública da visita de Francisco ao Brasil. A viagem, em que o papa fez mais de dez discursos, termina amanhã com uma missa em Copacabana, para qual são esperados mais de 3 milhões de fiéis.

Parte da multidão que foi à praia de Copacabana para ver o pontífice vai passar a noite no local, como parte da cerimônia. A areia estava tomada por barracas desde a madrugada da sexta-feira para sábado.


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