Folha de S. Paulo


Manifestantes debatem com peregrinos gastos públicos da Jornada Mundial da Juventude

Manifestantes se reúnem nesta sexta-feira (26) próximo à estação de metrô Cardeal Arcoverde, em Copacabana (zona sul do Rio de Janeiro), no protesto "Papa, veja como somos tratados". Alguns debatem com peregrinos que passam pelo local sobre os gastos públicos com a Jornada Mundial da Juventude, encontro internacional de católicos que vai até domingo (28) na cidade.

Também há faixas contrárias ao governador do Rio, Sérgio Cabral. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 150 pessoas participavam do movimento por volta das 18h. Há cerca de 400 policiais.

Veja o especial O papa no Brasil
Vai participar da Jornada? Envie foto ou vídeo
Rio gasta R$ 6 milhões para realizar dragagem em Guaratiba
Prefeito do Rio diz que organização da Jornada está com nota próxima de zero

O estudante Luiz Gustavo Chagas, 19, peregrino que veio de Goiás, se incomodou com o cartaz "Deus não existe" e começou um debate com João Pedro Vieira, 23, manifestante e membro do coletivo "Voz das Ruas".

Vieira criticou o dispêndio de recursos públicos no evento. "É errado gastar R$ 118 milhões num evento religioso". Prefeitura e Estado afirmam que gastaram R$ 52 milhões.

"De onde você tirou esse valor? O governo não gastou nada. Só com segurança. E o papa também é um presidente e o Brasil é obrigado a fazer a segurança dele", respondeu Chagas.

"Esse valor está nos jornais. É só olhar na Receita", disse Vieira. "Mas vocês não são contra a mídia? Por que usam ela para se justificar?", retrucou Chagas "É onde podemos nos informar", respondeu.

Logo após a conversa entre os dois, um cordão de voluntários foi formado no entorno do protesto. Policiais também evitam a interação entre peregrinos e manifestantes.

Julio Cesar de Andrade, 29, filósofo, afirmou que foi ao local para protestar contra os gastos com a jornada.

"Vim protestar contra o Cabral e a quebra da laicidade do Estado. Usar dinheiro publico em um evento religioso não é democrático nem laico", disse ele que tem o apelido de Jesus P2, em referência aos policiais que participam de manifestações disfarçados.

Os manifestantes também gritam: "E, e, e, e, Cabral vai pro inferno, Satanás não vai querer", além de: "Do papa, do papa eu abro mão. Quero meu dinheiro para saúde e educação".

CONTRAPONTO

Um outro grupo, formado por quatro pessoas, fazem um contraponto ao protesto. Eles seguram cartazes em português, inglês e espanhol que dizem: "Desculpe o transtorno, estamos construindo o reino dos céus. Vem para a JMJ!".

Quem organizou a manifestação católica foi o arquiteto Robert Jefferson, 30, da paróquia São Cosme e São Damião no Andaraí. Com o nome declaradamente inspirado no político condenado no processo do mensalão, ele afirma que a intenção é dar uma versão com fé aos protestos.

"É um cartaz padrão dos protestos. O próprio papa diz que a igreja não pode ser descolada das ruas", disse ele. O grupo disse que não sabia da manifestação marcada próxima à estação do metrô.


Endereço da página:

Links no texto: